Área de trigo pode crescer 5,2% em 2025 com demanda para etanol e valorização global
A partir de 2026, espera-se uma demanda adicional de 500 mil toneladas de trigo
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Segundo dados da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), o mercado de trigo no Brasil segue com oscilações nos preços e incertezas em relação à produção futura. No Rio Grande do Sul, as cotações variaram entre R$ 68,00 e R$ 69,00 por saca, enquanto no Paraná e em Santa Catarina giraram em torno de R$ 73,00. Esses valores estão próximos aos registrados no final de dezembro, refletindo a retração dos vendedores que aguardam melhores preços diante da entressafra e da valorização no mercado internacional.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a área plantada de trigo no país pode ser 2,1% menor na próxima safra, totalizando 3 milhões de hectares. No entanto, dificuldades climáticas e de precificação podem reduzir ainda mais essa área. Caso o clima favoreça a produção, a produtividade média pode crescer 18%, chegando a 3,04 toneladas por hectare, com oferta estimada em 9,12 milhões de toneladas, um aumento de 15,6% em relação ao ciclo anterior.
Por outro lado, análises privadas apontam uma perspectiva mais otimista. De acordo com projeções de mercado, a área semeada com trigo pode crescer 5,2% em 2025, alcançando 3,1 milhões de hectares. O Rio Grande do Sul deve liderar essa expansão, com crescimento estimado de 11,7%, chegando a 1,43 milhão de hectares. Mesmo com perdas de 20% na safra de 2024 devido ao excesso de chuvas, a comercialização no estado foi favorável. Além disso, a partir de 2026, espera-se uma demanda adicional de 500 mil toneladas de trigo para a produção de etanol, incentivando ainda mais o cultivo.
No Cerrado, a área plantada pode avançar 12,2%, impulsionada pelos bons preços de comercialização da última safra, que registraram alta de 25% em relação ao ciclo anterior. Estados como Minas Gerais, Goiás e Bahia, além do Distrito Federal, devem ampliar o plantio, enquanto no Mato Grosso do Sul, o atraso na colheita da soja pode inviabilizar a segunda safra de milho, abrindo espaço para o trigo. A produção total na região pode alcançar 1,52 milhão de toneladas, um aumento expressivo de 53,8% frente ao ano passado.
Por outro lado, o Paraná, maior produtor de trigo do Brasil, pode registrar uma redução de 4,3% na área plantada em 2025, atingindo 1,1 milhão de hectares. O principal fator para essa retração é o impacto climático negativo dos últimos três anos. Já Santa Catarina deve apresentar um crescimento modesto de 4,3%, chegando a 120 mil hectares.
O cenário global também traz expectativas de alta nos preços. Analistas mais otimistas projetam uma valorização do trigo no mercado internacional, podendo atingir US$ 7,00 por bushel nos próximos meses. Caso esse movimento se confirme, os preços internos podem avançar, com a tonelada do cereal no Brasil chegando próximo de R$ 2.000,00 até o final do ano. No entanto, especialistas alertam que essa previsão ainda é prematura, considerando a volatilidade do mercado e as incertezas históricas da cultura no país.