Soluções biológicas podem ajudar na recuperação pastagens degradadas
Uso de insumos biológicos pode elevar produção

Estudo divulgado pela Embrapa em 2024 aponta que o Brasil possui cerca de 28 milhões de hectares de pastagens plantadas em níveis intermediários e severos de degradação, com potencial para conversão agrícola. Caso fossem destinadas ao cultivo de grãos, essas áreas representariam um acréscimo de aproximadamente 35% em relação à área total plantada na safra 2022/23, que alcançou 74,3 milhões de hectares, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
As informações reforçam a relevância da adoção de práticas sustentáveis no manejo do solo, considerado um dos principais fatores de produção no setor agrícola. “Um solo de boa qualidade se caracteriza por altos níveis de carbono e biodiversidade, promovendo processos como ciclagem de nutrientes, infiltração de água e supressão de pragas e doenças”, afirma Fernando Bonafé Sei, gerente de serviços técnicos Latam da Novonesis.
O uso de insumos biológicos tem ganhado atenção como alternativa para regeneração do solo, segundo Bonafé Sei. “Soluções como os inoculantes, promotores de crescimento, biofertilizantes e agentes de controle biológico de pragas e doenças”, destaca o especialista, podem colaborar com a melhoria da qualidade do solo.
Entre as tecnologias destacadas está a fixação biológica de nitrogênio (FBN), que, segundo o especialista, apresenta vantagens ambientais e econômicas. “Essas tecnologias renováveis e não poluentes favorecem a biodiversidade, mantendo o equilíbrio entre seres benéficos e nocivos, como pragas, e contribuem significativamente para a qualidade do solo, reciclagem de nutrientes e aumento da produtividade”, afirma.
Dados da Embrapa indicam que o uso de insumos biológicos pode elevar a produtividade da soja em até 8%, dependendo das condições de solo, clima e tecnologias adotadas. “No Brasil, mais de 130 milhões de doses de inoculantes são usadas em lavouras, promovendo a preservação de recursos naturais e o aumento da produção agrícola”, ressalta Bonafé Sei.
A avaliação da qualidade do solo envolve parâmetros físicos, químicos e biológicos. Entre os indicadores físicos, destacam-se a porosidade, densidade aparente e resistência à penetração. Os químicos incluem a capacidade de troca de cátions (CTC), acidez, teor de alumínio e disponibilidade de nutrientes como fósforo e potássio. Já os biológicos consideram a macrofauna, a atividade microbiana, o teor de matéria orgânica e a bioanálise do solo (BioAS).
Segundo os dados da Embrapa, o Brasil tem 10,5 milhões de hectares de pastagens em estágio severo de degradação e 17,5 milhões em estágio intermediário. Os estados com maior concentração dessas áreas são Mato Grosso (5,1 milhões de hectares), Goiás (4,7 milhões), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões), Minas Gerais (4,0 milhões) e Pará (2,1 milhões).