Produção de algodão no Brasil cresce, mas enfrenta desafios
Fungos são um problema
O Brasil mantém sua posição de destaque como terceiro maior produtor mundial de algodão, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de algodão (Abrapa). No entanto, os produtores enfrentam desafios crescentes com a mancha-alvo, doença fúngica que pode reduzir a produtividade em até 40% em condições severas, conforme estudos da Embrapa. A doença afeta principalmente as folhas, causando desfolha precoce e comprometendo a qualidade e o peso final da fibra, explica Diego Palharini, consultor técnico da Tropical Melhoramento & Genética (TMG).
A sobrevivência do fungo nos restos culturais e as condições climáticas favoráveis, como temperaturas entre 20°C e 30°C e alta umidade, são fatores que intensificam a disseminação da doença nas regiões produtoras. O controle químico tem mostrado eficiência reduzida, tornando o manejo integrado uma estratégia indispensável. Práticas como rotação de culturas com espécies não hospedeiras, manejo de restos culturais e uso de fungicidas no tratamento de sementes são recomendadas, especialmente porque não há cultivares totalmente resistentes à mancha-alvo.
A escolha de cultivares menos suscetíveis é fundamental. Palharini destaca que utilizar soja moderadamente resistente à mancha-alvo em áreas destinadas ao algodão pode reduzir o inóculo no solo, amenizando os impactos da doença no início do ciclo. Além disso, a combinação de cultivares tolerantes a outras doenças, como a ramulária, permite um manejo mais direcionado e eficiente da mancha-alvo, potencializando o controle.
Empresas como a TMG continuam investindo no desenvolvimento de cultivares com bom desempenho frente à doença. A adoção de estratégias integradas permanece como o caminho mais eficaz para mitigar as perdas, garantindo a sustentabilidade da produção brasileira de algodão.