Preços do café batem recordes históricos em 2024
Alta foi impulsionada pelo clima adverso e menor oferta global
O ano de 2024 será lembrado como um marco no mercado de café, com os preços das variedades robusta e arábica alcançando patamares históricos no Brasil. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os valores mais que dobraram ao longo do ano, refletindo uma combinação de fatores como condições climáticas desfavoráveis, menor produção nacional e dificuldades logísticas no mercado internacional.
Para o café robusta, o Indicador CEPEA/ESALQ atingiu sucessivos recordes reais desde o início da série histórica, em 2001. A média mensal do preço da saca de 60 kg saiu de R$ 740 em dezembro de 2023 para impressionantes R$ 1.800 em dezembro de 2024. Já o café arábica registrou seu maior patamar real desde 1997, com o preço médio saltando de R$ 970 para R$ 2.000 por saca no mesmo período.
Um dos destaques foi a valorização expressiva do robusta, que, entre agosto e setembro, operou acima do preço do arábica – um feito inédito e reflexo da forte demanda externa pelo grão brasileiro. O robusta iniciou o ano com alta significativa, impulsionada pela retração na oferta global. A produção vietnamita, principal concorrente do Brasil, foi prejudicada por ataques a navios comerciais no Mar Vermelho, dificultando o envio do café à Europa e direcionando compradores ao mercado brasileiro.
No Brasil, o cenário climático foi desafiador. Apesar das boas expectativas para a safra 2024/25 devido ao clima chuvoso no início do ano, a estiagem prolongada e o calor após abril prejudicaram o desenvolvimento dos grãos. A colheita abaixo do esperado reduziu os estoques e sustentou os preços em alta durante todo o ano.
Com a demanda aquecida e a oferta limitada, especialistas apontam que o mercado de café deve continuar volátil, reforçando a importância de estratégias de comercialização e gestão de estoques para produtores brasileiros.