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Crise adiada? economia cresce, mas especialistas alertam para riscos

IBC-Br registrou crescimento de 0,80%



Foto: Divulgação

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, registrou um crescimento de 0,80% em setembro em relação ao mês anterior, surpreendendo o mercado. Segundo o artigo de Tiago Piassum e Cristiano Oliveira, publicado pela Rivool Finance, a previsão inicial do Boletim Focus era de apenas 1,6% de crescimento para 2024, mas os números já acumulam mais de 3% nos últimos 12 meses.

Por que a economia ainda não entrou em recessão?

Apesar das incertezas fiscais e monetárias, do aumento do dólar e da alta nos juros futuros, o Brasil ainda não entrou em um cenário de recessão. O artigo explica que isso se deve, em parte, à defasagem do impacto da taxa Selic sobre a economia. O efeito total da política monetária geralmente leva de 12 a 24 meses para se concretizar, o que significa que os impactos mais profundos da alta de juros serão sentidos somente em 2025.

Taxas de juros elevadas encarecem o crédito para empresas e consumidores, desestimulando investimentos e reduzindo o consumo. No entanto, como muitos contratos financeiros são de longo prazo, o impacto das mudanças na Selic só se torna perceptível quando esses acordos são renegociados.

O papel das commodities no crescimento brasileiro

Outro fator determinante para o desempenho econômico do Brasil, segundo os autores, é a influência dos preços internacionais das commodities. Desde 2004, a correlação entre o IBC-Br e o índice de preços de commodities do Banco Mundial tem sido de aproximadamente 66%. Isso significa que períodos de valorização das commodities impulsionam o crescimento, enquanto momentos de queda costumam desencadear crises econômicas no país.

A recuperação recente nos preços das commodities após a pandemia tem ajudado a manter o Brasil afastado de uma recessão imediata. A demanda interna, que é diretamente impactada por esses preços, segue sustentada. Segundo estudos citados pelos autores, choques nos preços de commodities podem afetar o investimento e o consumo até mais do que as exportações, tornando o país extremamente sensível às oscilações do mercado global.

Crise adiada ou inevitável?

Embora o crescimento recente possa parecer um sinal positivo, o artigo alerta que a economia brasileira ainda apresenta fragilidades significativas. A instabilidade fiscal e a ausência de reformas estruturais no lado da oferta deixam o país vulnerável a choques externos. Caso os preços das commodities voltem a cair, o Brasil poderá enfrentar dificuldades severas.

"Sem um esforço sólido de políticas regulatórias e fiscais que estimulem o produto pelo lado da oferta, infelizmente todos os ingredientes para uma crise ainda estão presentes", concluem Piassum e Oliveira. O cenário, portanto, exige atenção, já que a economia brasileira parece estar dependendo mais da sorte do que de estratégias de longo prazo para sustentar seu crescimento.

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