Brasil lidera reunião do BRICS com foco em mulheres rurais e sustentabilidade
GT da Agricultura dos BRICS realiza primeiro encontro presencial

O Grupo de Trabalho da Agricultura dos BRICS deu início, nesta terça-feira (12), à primeira reunião técnica presencial sob presidência brasileira, em Brasília-DF. O encontro, que segue até sexta-feira (14), tem como principais temas o fortalecimento das mulheres rurais e a promoção de uma agricultura mais resiliente.
Coordenados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), os debates contam com a participação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE), além dos países membros do bloco.
A sessão inaugural foi conduzida pelo secretário-executivo adjunto do Mapa, Cleber Soares, que representou o ministro Carlos Fávaro. Também estiveram presentes o ministro do MDA, Paulo Teixeira, e o secretário-executivo do MPA, Rivetla Edipo.
Durante sua fala, Cleber Soares ressaltou o protagonismo dos países do BRICS na segurança alimentar mundial, destacando a importância da cooperação entre as nações. "Nós somos o principal setor a mitigar, contribuir e otimizar os desafios da sociedade humana, seja a segurança alimentar, seja a segurança energética. Os países dos BRICS podem desenvolver, produzir e gerar bioenergia e biocombustíveis", afirmou.
Os debates incluem temas como preços dos alimentos, combate à fome e à pobreza, fortalecimento da agricultura familiar e pesca sustentável. Um dos destaques é o papel das mulheres no agronegócio, questão enfatizada por Soares ao apontar a necessidade de ampliar o acesso feminino a recursos essenciais. "Devemos promover acesso equitativo à terra, ao crédito, às tecnologias, à capacitação, à inovação, dentre outros ativos essenciais para essa transformação, incentivando a participação ativa das mulheres e das novas gerações, mais do que nas lavouras. O ano de 2025 será o ano internacional da mulher e nós, como BRICS, devemos liderar esse movimento corretamente", pontuou.
A sustentabilidade também tem papel central nos debates, com o Brasil colocando sua expertise à disposição dos países parceiros. Soares citou o Plano ABC, que há 15 anos promove a agricultura de baixo carbono no Brasil. "Essa iniciativa deverá promover soluções técnicas para recuperar terras degradadas, estabelecer a operação de instituições de pesquisa e mobilizar financiamentos para projetos de restauração e manejo de solos em todos os tipos de produção agrícola", afirmou.
O Brasil ainda convidou os países do BRICS para participarem da COP30, que será realizada em novembro, em Belém-PA, sob presidência brasileira, com uma agenda voltada para sustentabilidade.
O Grupo de Trabalho de Agricultura dos BRICS é formado por especialistas dos países membros, responsáveis por elaborar estratégias para enfrentar desafios agrícolas globais e fortalecer a cooperação no setor. As discussões atuais visam à formulação do Plano de Ação 2025-2028, que incluirá medidas como fortalecimento dos sistemas alimentares aquáticos, modernização das práticas agrícolas com tecnologias sustentáveis, recuperação de áreas degradadas e incentivo à produção de bioinsumos e bioenergia.
O cronograma da reunião prevê ainda encontros técnicos nos dias 14 e 15 de abril, seguidos de visitas de campo e reuniões bilaterais no dia 16. No dia 17, ocorrerá a Reunião de Ministros da Agricultura, consolidando os acordos e diretrizes estabelecidos.
O BRICS é composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Indonésia, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O bloco representa 50% da população mundial, com cerca de 4 bilhões de pessoas, e tem grande influência na produção agrícola global, respondendo por 80% da produção mundial de alimentos por valor e 25% do PIB global, além de ser responsável por 30% da pesca extrativa e 70% da produção aquícola.