La Niña perde força e Pacífico caminha para neutralidade
Neutralidade climática deve se consolidar nos próximos meses

O fenômeno climático La Niña, caracterizado pelo resfriamento anômalo da superfície do Oceano Pacífico Equatorial, está chegando ao fim e se aproximando de uma fase neutra, conforme indicam os dados mais recentes do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Segundo o meteorologista do Portal Agrolink, Gabriel Luan Rodrigues, os monitoramentos realizados entre o final de fevereiro e o início de março de 2025 mostram um enfraquecimento do fenômeno, que já não atende completamente aos critérios clássicos do Oceanic Niño Index (ONI). “Na prática, La Niña praticamente não vem sendo classificada como tal, apesar da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) ter reconhecido esse evento como uma La Niña ‘escondida’, devido ao aquecimento anormal dos oceanos”, explica Rodrigues.
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Ainda assim, os impactos do fenômeno foram sentidos no Brasil, especialmente na Região Sul, que enfrentou períodos de estiagem. Agora, os principais modelos meteorológicos internacionais indicam que as temperaturas da superfície do mar no Pacífico Equatorial devem permanecer abaixo da média na primeira quinzena de março, mas devem retornar à neutralidade nos meses seguintes.
De acordo com o INMET, há uma probabilidade de 60% de que a transição para um estado neutro ocorra no trimestre março-abril-maio, percentual que sobe para 70% no período abril-maio-junho de 2025. Isso indica que o Pacífico começa a apresentar um aquecimento gradual, enfraquecendo o episódio de La Niña registrado entre 2024 e 2025.
Apesar disso, Rodrigues alerta para possíveis efeitos remanescentes do fenômeno nos primeiros meses do outono. “Podemos observar o avanço de massas de ar frio, possibilidade de geadas precoces no Centro-Sul do Brasil e chuvas mais volumosas no Centro-Norte. São resquícios do padrão climático que ainda podem influenciar o tempo nos próximos meses”, destaca.
Com a neutralidade se consolidando, os meteorologistas continuarão monitorando os impactos no clima brasileiro, principalmente para os setores agrícolas que dependem das condições climáticas para o planejamento da safra.