Como as novas tarifas de Trump podem impactar o agro?
Objetivo é estimular a produção local e proteger os agricultores norte-americanos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou recentemente que, a partir de abril de 2025, implementará tarifas sobre a importação de produtos agrícolas estrangeiros. O objetivo é estimular a produção local e proteger os agricultores norte-americanos. Embora os detalhes ainda não tenham sido divulgados, essa medida pode afetar diretamente as exportações brasileiras, uma vez que o Brasil é um dos maiores fornecedores de commodities agrícolas para os EUA.
Segundo Frederico Franco, especialista em Auditoria e Compliance e colunista do Agrolink, o impacto das novas tarifas dependerá de diversos fatores, mas o Brasil tem vantagens competitivas que podem mitigar possíveis efeitos negativos. "O Brasil não depende exclusivamente do mercado americano. A diversificação de destinos para as exportações brasileiras, como União Europeia e China, fortalece sua posição no comércio internacional, além da qualidade das commodities que exporta", explica.
Principais produtos afetados
Os principais produtos brasileiros que podem ser impactados pelas tarifas incluem suco de laranja, café, carnes e etanol. O Brasil é líder mundial na produção e exportação de muitos desses produtos, com os Estados Unidos sendo um dos maiores mercados consumidores.
Frederico Franco aponta que, embora as tarifas possam afetar a competitividade de alguns produtos, como o etanol, o Brasil pode explorar novas oportunidades. "O Brasil tem uma base de produção forte e uma estrutura comercial diversificada. Se o mercado dos EUA se tornar mais difícil, países como a China podem aumentar a importação de soja ou café", afirma.
O papel das certificações e da sustentabilidade
Outra estratégia importante para enfrentar as possíveis tarifas é a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis. "Certificações ESG, como a Rainforest Alliance ou o selo Bonsucro, podem tornar os produtos brasileiros ainda mais atrativos, especialmente em mercados exigentes como a União Europeia", explica Franco. Ele destaca que os padrões ambientais mais rigorosos podem se expandir para outros mercados à medida que os EUA se distanciam de acordos climáticos internacionais, como o Acordo de Paris.
Disputas comerciais e oportunidades
Além das tarifas, as tensões comerciais entre os Estados Unidos e outros países, especialmente a China, podem criar novas oportunidades para o Brasil. "Os produtores brasileiros devem estar atentos às mudanças no cenário global e adaptar suas estratégias de exportação conforme as circunstâncias. As tensões comerciais entre os EUA e a China podem beneficiar o Brasil", complementa Frederico Franco.
Monitoramento e preparação para o futuro
Embora as tarifas ainda não tenham sido implementadas, é essencial que o Brasil continue monitorando as políticas comerciais dos EUA. "Com a nova administração e a pressão sobre a produção interna americana, o Brasil deve se preparar para possíveis desafios, mas também para as oportunidades que podem surgir", conclui o especialista.
Com as mudanças previstas, o Brasil deverá fortalecer sua posição no mercado global e, ao mesmo tempo, se adaptar para enfrentar qualquer impacto potencial das novas tarifas impostas pelos EUA. As estratégias de diversificação de mercados e o fortalecimento das certificações ESG são algumas das formas de garantir a competitividade das exportações brasileiras.