Baixa renovação do maquinário ameaça competitividade
A volatilidade cambial tem agravado a situação
O setor de maquinário agrícola enfrenta um cenário desafiador, com margens reduzidas e alta volatilidade cambial, o que impacta diretamente a renovação de equipamentos e a competitividade dos principais fabricantes como John Deere, CNH e AGCO Corporation. Segundo Anderson Nacaxe, gerente da Agrotoken, a queda de até 28% na receita anual das fabricantes reflete a redução nos investimentos, já que produtores rurais têm priorizado a manutenção dos maquinários existentes, devido ao aumento nos custos de insumos e à volatilidade das commodities.
A volatilidade cambial tem agravado a situação, tornando o preço de equipamentos dolarizados mais elevado, o que restringe o acesso, principalmente para pequenos e médios produtores. Esse cenário resulta em estoques elevados e queda na demanda. A John Deere, com margem operacional de 15,3% e lucro líquido de US$ 1,25 bilhões, tem se destacado, enquanto CNH e AGCO enfrentam margens menores de 8,4% e 5,5%, respectivamente. A disparidade nos resultados reflete a capacidade das empresas em lidar com a crise.
Além disso, a falta de investimentos em inovação impacta a competitividade do setor. A John Deere, por exemplo, alocou US$ 620 milhões em tecnologias de agricultura de precisão, superando os US$ 221 milhões da CNH e os US$ 121 milhões da AGCO. A baixa renovação de maquinário compromete a produtividade, dificultando o cumprimento de metas ambientais e ampliando desigualdades no setor. No longo prazo, a falta de renovação tecnológica e a volatilidade cambial podem prejudicar a competitividade do agronegócio brasileiro e global.