AgroGalaxy: Recuperação judicial e o crescimento
Esse crescimento é sustentado pelo aumento de receitas
Após três anos de seu IPO e atingir um valor de mercado de R$ 2 bilhões, a AgroGalaxy entrou com pedido de recuperação judicial. A trajetória da empresa segue um padrão comum em outras companhias, como RicardoEletro e Americanas S.A., onde a estratégia de crescimento acelerado se baseia na expectativa de que investidores comprem a “tese” de uma plataforma exponencial.
Esse crescimento é sustentado pelo aumento de receitas, mas sem um modelo competitivo sólido e com fraca geração de caixa operacional. Quando o cenário de mercado se torna menos favorável e os credores restringem o crédito, a empresa não consegue se manter, pois não gera lucro ou caixa suficientes. A análise é de Flávio K. Málaga, Ph.D., sócio da MALAGA.
Entre 2019 e o primeiro semestre de 2024, o EBITDA acumulado da AgroGalaxy atingiu R$ 1,4 bilhão, mas a geração de caixa operacional foi de apenas R$ 81 milhões, o que representa 5,6% do EBITDA. Esse dado revela que, embora o EBITDA seja amplamente utilizado como métrica de desempenho, ele não reflete a real capacidade de geração de caixa da empresa. Em relação à receita acumulada no período, a geração de caixa foi de apenas 0,23%, evidenciando que, apesar de um faturamento robusto — R$ 11,6 bilhões em 2022 — o modelo de negócios da empresa não apresentava um diferencial competitivo, refletido em uma margem de fluxo de caixa quase inexistente. A operação mostrou-se incapaz de absorver choques e devolver capital aos credores.
Outro ponto crítico foi o alto nível de alavancagem, que atingiu 8,0 em 2024. O valor de mercado caiu para R$ 174 milhões, bem abaixo do patrimônio líquido de R$ 724 milhões e do valor de R$ 2 bilhões de 2021, resultando em uma destruição significativa do capital dos sócios e credores.