Chuvas ajudam, mas não evitam perdas na soja

As recentes chuvas trouxeram alívio para as lavouras de soja no Rio Grande do Sul, reduzindo o estresse hídrico causado pelo calor intenso e pela estiagem prolongada. No entanto, o potencial produtivo segue comprometido em diversas regiões, especialmente nas áreas semeadas precocemente. Segundo o boletim conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado na última quinta-feira (20), 55% das lavouras estão na fase de enchimento de grãos, um estágio crítico que depende da manutenção da umidade para garantir uma produtividade satisfatória. Já 32% estão em floração, e 6% ainda seguem no desenvolvimento vegetativo.

Nas áreas mais atingidas pela seca, a recuperação foi parcial. No Centro-Oeste do Estado, muitas lavouras apresentam porte reduzido, desfolha acentuada e perdas irreversíveis. Em regiões como São Gabriel e Manoel Viana, parte dos produtores optou por cessar os investimentos nas lavouras mais afetadas, com alguns cogitando a destinação para pastejo.

A retomada do controle fitossanitário foi possível com a melhora da umidade, permitindo a aplicação de fungicidas em áreas de maior potencial produtivo. No entanto, a incidência de pragas como tripes, ácaros e percevejos continua elevada. Além dos desafios climáticos, os produtores enfrentam incertezas econômicas. A baixa adesão aos seguros agrícolas, os altos custos do seguro privado e as restrições do Proagro deixam muitos expostos a riscos financeiros.

Nas demais regiões, o impacto das chuvas variou. No Norte e na Serra, lavouras que sofreram com estiagem e temperaturas elevadas registraram queda no número de vagens e de grãos, afetando o rendimento final. Em Passo Fundo, a umidade do solo foi recomposta, mas a redução no potencial produtivo permanece.

Especialistas alertam que a manutenção da umidade do solo será decisiva para a safra de soja no Estado, e a expectativa segue cautelosa quanto à recuperação total das lavouras.