Fungo pode controlar pragas na produção de bananas
O moleque-da-bananeira atinge plantações em diversos países produtores
Uma pesquisa inovadora conduzida por instituições sergipanas propõe o uso de fungos entomopatogênicos como alternativa sustentável ao controle da praga do moleque-da-bananeira (Cosmopolites sordidus), responsável por perdas de até 80% na produção de bananas. A iniciativa reúne esforços da Universidade Tiradentes (Unit), Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro). O estudo é tema de uma dissertação de mestrado que será defendida em janeiro de 2025 no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), da Unit, e se debruça sobre a seleção, melhoramento e aplicação de fungos entomopatogênicos, isto é, que causam doenças em insetos.
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O moleque-da-bananeira atinge plantações em diversos países produtores, afetando todas as variedades de banana. O besouro pode reduzir a produtividade das plantações em até 80%, comprometendo a qualidade e o volume dos frutos. Seus danos incluem folhas secas, ausência de frutos e cachos fora do padrão comercial, reduzindo drasticamente a produtividade. “Este inseto causa danos no rizoma da planta, que é parte da planta localizada embaixo da terra, onde saem as raízes. A fêmea adulta do inseto coloca os seus ovos no rizoma, onde eclodem as larvas; estas abrem galerias de forma ascendente na planta. Os danos das larvas permitem a entrada de patógenos na planta. As galerias abertas pelas larvas desta praga debilitam as plantas e as deixam mais suscetíveis ao tombamento. Em plantas mais jovens, ocorre a morte da gema apical e a paralisação do seu crescimento”, explica Marcelo da Costa Mendonça, professor do PBI/Unit.
Além de coordenar a pesquisa, Marcelo é o orientador da dissertação de mestrado, que está sendo produzida pelo pesquisador Lucas Jefferson Santos Barboza. Ele é aluno de mestrado do PBI e já atuava no desenvolvimento de técnicas para otimização da produção de fungos entomopatogênicos. Ele explica que o objetivo da atual pesquisa é selecionar exemplares isolados de fungos encontrados no próprio ambiente natural, avaliando o potencial de patogenicidade e virulência destes microrganismos para adoentar e matar o moleque-da-bananeira, promovendo seu consequente controle biológico.
Os trabalhos começaram após a demanda de um pequeno agricultor de Malhador, Sergipe, e já demonstraram 100% de eficácia no controle da praga em laboratório. Agora, a pesquisa avança para testar a aplicação prática dos fungos em bananeiras cultivadas em estufa. “Após os testes em laboratório, o isolado será aplicado em campo, e será realizada uma avaliação do fluxo populacional do inseto na propriedade. Quando o fungo entra em contato com o hospedeiro (o moleque-da-bananeira), ele é transmitido para outros indivíduos, já que esses insetos possuem um hábito social. Assim, o fungo infecta os demais, promovendo o controle da população”, afirma o pesquisador Lucas Jefferson Santos Barboza
Com aprovação regulatória, o método poderá ser escalado por empresas de bioinsumos agrícolas, beneficiando produtores orgânicos e promovendo uma alternativa ecológica ao uso de agrotóxicos.