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Mudanças climáticas e El Niño intensificou o desastre no RS

Combinação de fenômenos e aquecimento global agravaram a situação das enchentes


"Somente o aquecimento global fez com que a precipitação acumulada no estado nesse período fosse de 6% a 9%" "Somente o aquecimento global fez com que a precipitação acumulada no estado nesse período fosse de 6% a 9%" - Foto: Freepik

Um estudo coordenado por pesquisadores do Imperial College de Londres, no Reino Unido, com a coautoria de dois brasileiros, concluiu que as mudanças climáticas induzidas por atividades humanas e o fenômeno natural El Niño (aquecimento excessivo das águas do centro-leste do Pacífico equatorial) tornaram as chuvas extremas que caíram no Rio Grande do Sul entre o final de abril e o início de maio mais intensas e frequentes.

Segundo o trabalho, na forma de um relatório científico de 56 páginas, somente o aquecimento global fez com que a precipitação acumulada no estado nesse período fosse de 6% a 9% maior do que teria sido sem o aumento da temperatura do planeta. “O principal resultado do estudo foi que as mudanças climáticas dobraram a chance de eventos como esse de maio de 2024 no Rio Grande do Sul”, comenta a oceanógrafa Regina Rodrigues, da Universidade Federal de Santa Catarina.

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Nas condições atuais, em que o clima do planeta aqueceu, em média, cerca de 1,2ºC em relação à temperatura do período pré-industrial, as chuvas extremas que caíram ao longo de 10 dias em boa parte do Rio Grande do Sul são um evento previsto para se repetir a cada 100-250 anos. Se o aquecimento global atingir 2 ºC, o tempo de retorno para um episódio semelhante de pluviosidade acentuada será de apenas 20-30 anos, de acordo com o estudo.

Entre 24 de abril e 4 de maio, choveu, em média, mais de 420 milímetros (mm) em boa parte do estado, o equivalente a três meses de precipitação. Porto Alegre e várias cidades gaúchas foram inundadas pelas águas de rios que transbordaram. Além de prejuízos materiais bilionários, até o dia 1º de junho, os alagamentos provocaram a morte de 171 pessoas e o desaparecimento de 43 indivíduos, além de terem produzido 580 mil desabrigados e levado quase 40 mil pessoas a viverem em abrigos provisórios.

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