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Pesquisa comprova que bioinsumos tornam agricultura mais sustentável

"Vale lembrar que os biológicos têm outra pegada, eles não deixam resíduos"



A substituição por bioinsumos pode reduzir em 7 milhões de toneladas anuais a adição de nitrogênio ao meio ambiente A substituição por bioinsumos pode reduzir em 7 milhões de toneladas anuais a adição de nitrogênio ao meio ambiente - Foto: Pixabay

O Brasil pode evitar a emissão de até 18 milhões de toneladas de gás carbônico ao substituir Fertilizantes minerais por bioinsumos nas plantações de gramíneas, como milho e trigo. A conclusão foi apresentada pela pesquisadora Luana Nascimento, do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras, em um estudo desenvolvido em parceria com a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI). O trabalho visa subsidiar novas políticas públicas para segurança alimentar e desenvolvimento sustentável.

Pesquisadores mapearam o mercado brasileiro, analisando produtos, patentes e artigos científicos dos últimos cinco anos, destacando a importância das gramíneas na alimentação mundial e na produção de energia, e propondo uma abordagem mais sustentável para a agricultura brasileira. A pesquisa indicou que cerca de 80% dos fertilizantes minerais usados na agricultura brasileira são importados, aumentando os custos de produção. A substituição por bioinsumos pode reduzir em 7 milhões de toneladas anuais a adição de nitrogênio ao meio ambiente, minimizando a conversão desse gás em óxido nitroso.

Além dos benefícios ambientais, a alternativa pode resultar em uma economia de até US$ 5,1 bilhões para o setor agrícola. O estudo, promovido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), destacou que 63% dos bioinsumos no mercado são baseados na bactéria Azospirillum brasilense, com potencial de expansão para novas tecnologias adaptadas ao Brasil, mantendo o país na vanguarda da produção desses insumos.

De acordo com Fernando Sousa, diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira de Indústrias de Bioinsumos (ABINBIO), a produção de um quilo de defensivo químico gera entre 20 a 25 quilos de CO2, dependendo do tipo de produto, como herbicidas, fungicidas ou inseticidas. Em contrapartida, os insumos biológicos emitem 90% menos gases, com a produção de um quilolitro resultando em apenas 3 a 5 quilos de CO2, conforme estudo da Universidade da Califórnia em parceria com a Marrone Bio.

“Esse nível total de emissão dos defensivos químicos, se fôssemos substituir completamente por defensivos biológicos, poderia promover uma redução de até 90% nas emissões de CO2 produzidas pela agricultura. Anualmente, a gente utiliza 1,4 milhão de toneladas de defensivos químicos. Se a gente fizer uma conta de quanto que é necessário em termos de emissão para produzir todos esses produtos, a gente vai chegar a uma conta de aproximadamente 20 a 24 milhões de toneladas de CO2 que são necessárias para produzir esses produtos”, comenta.

Além disso, ele cita os benefícios na biodiversidade. “Muitas vezes existe algum nível de contaminação de solo e também, se não utilizados adequadamente. Esses resíduos podem ser transportados para alimentos, e esses alimentos seguem na cadeia contaminando não só animais como também humanos. Vale lembrar que os biológicos têm outra pegada, eles não deixam resíduos tanto no solo como nos alimentos, e são bastante seletivos, ou seja, não causam uma redução da biodiversidade como os defensivos químicos tradicionais”, completa.
 

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