Problema do milho intriga especialistas
Algumas hipóteses foram levantadas
Desde 2017, os produtores brasileiros de milho enfrentam problemas recorrentes com espigas que não se desenvolvem adequadamente, causando prejuízos milionários. Este fenômeno gerou preocupação e diversas teorias sobre suas causas. Marcelo Hilário, responsável químico da Sell Agro e associado à APLICA, compartilhou informações sobre o tema.
Pesquisadores e algumas instituições sugeriram que a causa poderia ser a aplicação de adjuvantes com surfactantes não iônicos e certos fungicidas, desde o estádio V8 até o florescimento das plantas. A hipótese era que os surfactantes não iônicos se decompunham nas plantas, formando etileno e prejudicando o desenvolvimento das espigas.
Contudo, Hilário refuta essa hipótese, afirmando que é praticamente impossível. Ele explica que a obtenção de adjuvantes não iônicos envolve reações químicas com altas temperaturas e pressões elevadas. Para que esses surfactantes se degradassem e liberassem etileno dentro das espigas de milho, seriam necessárias condições extremas de temperatura e pressão, o que é improvável no ambiente natural das plantas.
De acordo com o químico, ele é um hormônio gerado dentro das plantas e que atua exatamente no desenvolvimento e maturação em fases específicas do ciclo de vida das mesmas. “O etileno ajuda no crescimento, e posteriormente no amadurecimento das espigas”, pontua Hilário. “O que a gente analisa então é que quimicamente é impossível os verdadeiros culpados serem os surfactantes não iônicos”, endossa.
“Obviamente, existem vários atores, empresas envolvidas. Nesse sentido, cada uma delas busca esclarecer se o seu produto está ou não relacionado ao problema. É o que acabamos de fazer, mostrar que não há relação comprovada dos adjuvantes com as espigas presas. Surfactantes não iônicos, e por consequências adjuvantes não iônicos, não se degradam dentro de nenhuma planta e não liberam etileno”, finaliza o especialista.