Moagem de cana cai quase 5%, mas etanol segue em alta
Redução era esperada em função dos desafios climáticos

A safra 2024/2025 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil chegou ao fim com um volume total de moagem de 621,88 milhões de toneladas, conforme divulgado pela União da Indústria de cana-de-açúcar e Bioenergia (UNICA). Apesar da retração de quase 5% em relação à temporada anterior, o resultado consolida o segundo maior volume já registrado na região. A queda era esperada pelo setor, especialmente em razão das adversidades climáticas, como a estiagem prolongada e os focos de incêndio que afetaram principalmente lavouras em São Paulo — estado que responde por mais da metade da produção da região. A produtividade média caiu 10,7%, ficando em 77,8 toneladas por hectare, mas houve avanço na qualidade da cana, com o teor de ATR (açúcares totais recuperáveis) atingindo 141,07 quilos por tonelada.
A produção de etanol se destacou e bateu recorde histórico, alcançando 34,96 bilhões de litros, puxada principalmente pelo crescimento expressivo do etanol de milho, que saltou 30,7% e somou 8,19 bilhões de litros. Esse volume representa quase um quarto da produção total do biocombustível no Centro-Sul. O etanol hidratado teve alta de 10,27%, enquanto o anidro sofreu leve recuo. Por outro lado, a produção de açúcar encolheu 5,31%, fechando em 40,17 milhões de toneladas, reflexo da maior destinação da cana para os combustíveis renováveis.
Na reta final da safra, apenas na segunda quinzena de março, foram processadas 4,56 milhões de toneladas de cana, queda de 10,63% na comparação anual. Deste total, 57% foi direcionado à fabricação de etanol, que alcançou 546,77 milhões de litros no período — com destaque novamente para o milho, que respondeu por 377,91 milhões de litros.
As vendas de etanol em março somaram 2,90 bilhões de litros, uma retração de 4,57% frente ao mesmo mês do ano anterior. No mercado interno, o etanol hidratado teve queda mensal, mas acumulou crescimento de 16,44% ao longo da safra, com 21,73 bilhões de litros comercializados. Já o etanol anidro cresceu 10,45% nas vendas de março e encerrou o ciclo com 12,18 bilhões de litros vendidos no país. Segundo a UNICA, o aumento do consumo de etanol hidratado no Brasil nos últimos 12 meses foi de 22,87%, refletindo uma maior preferência pelo biocombustível frente à gasolina. Com esse desempenho, o setor evitou a emissão de 48,4 milhões de toneladas de CO2 equivalente, reforçando o papel estratégico da cana na transição para uma matriz energética mais limpa.