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Investimentos climáticos: o futuro das finanças globais

Desastres climáticos já estão causando prejuízos de bilhões de dólares



Foto: Pixabay

Na última década, os investimentos climáticos emergiram como uma força transformadora no cenário financeiro global. Mais do que uma tendência, eles prometem não apenas proteger o meio ambiente, mas também oferecer retornos financeiros robustos para aqueles com visão de futuro. Para entender melhor esse movimento, conversamos com o engenheiro agrônomo João Pedro Cuthi Dias.

“Nos últimos 10 anos, houve um avanço nessa área desde a reunião da COP em Paris, onde o mundo percebeu que a situação climática estava fora de controle. O aquecimento global ameaçava ultrapassar 1,5 grau, e os cientistas alertavam que seria impossível prever as consequências se continuássemos nesse ritmo”, explica João Pedro.

O setor financeiro, contudo, demorou a entender a gravidade do processo. “Um setor que precisa se cuidar muito é o de seguros. Os desastres climáticos já estão causando prejuízos de bilhões de dólares, chegando a trilhões em alguns casos, o que coloca em cheque todo o sistema de seguros global”, comenta o engenheiro.

Hoje, os agentes financeiros estão focados em ações que possam mitigar esses efeitos. “Estamos falando em mitigação, não em diminuição dos efeitos, pois os problemas são tão grandes que precisamos, pelo menos, tentar reduzir os danos. Bancos de fomento internacionais, como o Banco Mundial, querem colocar a variável ambiental como fundamental na aprovação de financiamentos. A descarbonização do mundo receberá incentivos e preferência na alocação de recursos”, destaca.

A China, por exemplo, instalou mais de 200.000 megawatts de capacidade em fontes renováveis em 2023, buscando reduzir o uso de carvão. “O Brasil tem uma vantagem fantástica, com minério de ferro abundante e uma costa ideal para usinas eólicas. Podemos transformar esse potencial em energia limpa para exportar produtos com menor impacto ambiental”, afirma João Pedro.

A agricultura também enfrenta desafios com as mudanças climáticas. “Precisamos usar modelos de agricultura regenerativa, como o plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta. O Brasil é líder no uso de biológicos, substituindo produtos químicos por manejo adequado do solo e da planta”, ressalta.

Para o futuro, o engenheiro vê o Brasil como um potencial líder na descarbonização global. “Temos uma matriz energética limpa e podemos atrair bilhões de dólares em investimentos se houver um arcabouço legal que incentive isso. O governo precisa proporcionar segurança jurídica e incentivar a transformação das matrizes de transporte e energia”, conclui.

Para assistir a entrevista com o engenheiro agrônomo João Pedro Cuthi Dias, clique aqui.

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