Chuvas atrasam colheita da soja em várias regiões
Qualidade da soja cai com clima instável no RS

O avanço da colheita da soja segue comprometido pelas chuvas irregulares e pela incidência de estresse hídrico no Rio Grande do Sul. Segundo aponta o Informativo Conjuntural divulgado na quinta-feira (10) pela Emater/RS-Ascar, a maturação desuniforme e a baixa qualidade dos grãos colhidos são reflexos da instabilidade climática observada nas diferentes regiões administrativas da instituição.
Na região de Bagé, as precipitações frequentes têm dificultado a colheita e agravado perdas de produtividade e qualidade. “As lavouras apresentam grãos verdes, ardidos, com baixo peso e excesso de impurezas”, destaca o informativo. Em Santa Margarida do Sul, a produtividade média é de 300 kg/ha. A colheita segue em diferentes ritmos: 45% em Maçambará, 40% em São Borja, 35% em Itacurubi e 25% em São Gabriel.
Na Campanha, os volumes de chuva favoreceram as lavouras de ciclo médio e tardio implantadas em dezembro e janeiro, embora a colheita esteja apenas no início. Em Caçapava do Sul, a estiagem antecipou a maturação, o que permitiu o avanço da colheita em 25% da área cultivada.
Na Serra Gaúcha, região de Caxias do Sul, a colheita sofreu interrupções pontuais. As produtividades variam de menos de 1.800 kg/ha, em áreas afetadas pela estiagem, até picos de 6.000 kg/ha em lavouras com melhores condições hídricas. Em Erechim, 85% da área já foi colhida, mas a irregularidade das chuvas gerou grande variação nas produtividades, entre 1.200 e 4.200 kg/ha.
A região de Frederico Westphalen registra 80% das lavouras colhidas. As precipitações recentes contribuíram para o desenvolvimento das áreas tardias e a uniformização da umidade dos grãos. Em Ijuí, a colheita alcança 75% da área cultivada, mas tem sido afetada por elevada umidade, que interrompeu os trabalhos em vários dias do início de abril. Segundo o informativo, “os grãos apresentam peso e tamanho reduzidos”, reflexo da ausência de chuvas no final do ciclo.
No Alto Jacuí, o Peso de Mil Sementes (PMS) caiu para cerca de 60% da média esperada, especialmente em Santa Bárbara do Sul. Já na Região Celeiro, em Santo Augusto, a produtividade nas áreas sem irrigação variou entre 1.500 e 4.200 kg/ha. As lavouras de segundo cultivo iniciaram a maturação, mas com potencial abaixo do esperado.
Na região de Passo Fundo, 70% da área foi colhida, com produtividade média estimada em 2.552 kg/ha. Em Pelotas, grande parte das lavouras está na fase de enchimento de grãos. A colheita, até o momento, atinge 17%.
Em Santa Maria, as chuvas das últimas semanas atenuaram parcialmente os efeitos da estiagem e possibilitaram que as lavouras tardias completassem o ciclo com melhores condições. Ainda assim, a produtividade registra queda de 45% em relação ao potencial inicial. A colheita chegou a 45%.
Em Santa Rosa, a colheita alcança 49%, dois pontos percentuais abaixo do mesmo período de 2024. As chuvas interromperam temporariamente os trabalhos, mas foram retomados no fim da semana. “As cargas apresentam menos grãos verdes e avariados”, aponta o boletim, o que reduziu a incidência de descontos na comercialização. Em áreas mais afetadas, no entanto, produtores ainda enfrentam penalizações.
Na região de Soledade, 46% das lavouras foram colhidas. As perdas foram acentuadas pela irregularidade hídrica registrada entre fevereiro e março, independentemente do ciclo das cultivares.