Fusariose: ameaça silenciosa à lavoura de café no Brasil
Café segue como um dos pilares do agronegócio nacional
De acordo com dados do artigo da engenheira agrônoma Bruna Rohrig publicado no Blog da Aegro, o café, símbolo histórico e cultural do Brasil, segue como um dos pilares do agronegócio nacional. Maior produtor e exportador global, o país enfrenta, contudo, desafios no manejo de doenças que ameaçam a produtividade, como a fusariose. Essa doença, causada por fungos do gênero Fusarium, compromete a saúde dos cafeeiros, sobretudo os mais antigos, e pode levar à morte da planta.
Conhecida popularmente como “amarelão do cafeeiro”, a fusariose provoca o amarelecimento progressivo das folhas, murcha, desfolha de cima para baixo, morte do topo e, em casos severos, seca prematura dos frutos. O sintoma mais característico é a podridão seca no caule, causada pelo bloqueio dos vasos condutores de seiva pelo fungo, impedindo o transporte de nutrientes essenciais.
A doença se manifesta principalmente em cafezais com mais de 10 anos e em regiões com solos encharcados ou ácidos, condições favoráveis ao desenvolvimento dos fungos. Práticas comuns, como podas frequentes e colheita mecânica, agravam o problema ao facilitar a entrada do patógeno por ferimentos nas plantas.
A fusariose é frequentemente associada a práticas de manejo inadequadas. Podas realizadas sem desinfecção adequada das ferramentas e a reutilização de materiais contaminados são fatores que contribuem para a disseminação da doença. Além disso, áreas de plantio com histórico de mortalidade de plantas tornam-se focos para a infecção.
Sem fungicidas registrados no Brasil para o combate direto à fusariose, os produtores precisam adotar medidas preventivas e de manejo cultural. Recomenda-se:
- Uso de variedades resistentes: Como o clone Conilon A1, adaptado para lidar com condições que favorecem a fusariose.
- Aquisição de mudas sadias: De viveiros confiáveis, evitando áreas previamente afetadas.
- Tratamento de ferimentos: Aplicação de fungicidas como a pasta bordalesa em áreas de poda.
- Desinfecção de ferramentas: Utilizar álcool ou hipoclorito de sódio para evitar a contaminação cruzada entre plantas.
- Eliminação de focos de infecção: Retirada e queima de plantas doentes ou restos de poda contaminados.
Em estágios iniciais da doença, o decote (corte do tronco abaixo da área afetada) pode ajudar a eliminar partes comprometidas e a evitar a propagação.
Com cafezais podendo produzir por até 25 anos, o manejo adequado é essencial para garantir a longevidade e a sustentabilidade da produção. A fusariose, apesar de representar uma ameaça significativa, pode ser controlada com ações preventivas e conscientização dos produtores, preservando uma das culturas mais emblemáticas do Brasil.