Antecipação da soja mexe no algodão irrigado da Bahia
“Prevaleceu o consenso de que a antecipação funciona"
A antecipação excepcional da semeadura da soja no Oeste da Bahia foi mantida pelas Câmaras Técnica Regional da soja e do algodão (CTRs). A medida, aprovada em reuniões realizadas na última quinta-feira (23), autoriza o plantio a partir de 25 de setembro, antecipando o calendário original de 8 de outubro. A decisão impacta diretamente o algodão irrigado, que é cultivado após a soja precoce, otimizando o ciclo agrícola. As reuniões contaram com a participação de entidades como Abapa, Aiba, Adab, Agrolem, Fundação Bahia, Seagri, Mapa e Fundeagro.
A presidente da Abapa, Alessandra Zanotto, destacou que a medida se baseia no sucesso do trabalho fitossanitário da região. Implementada nas duas últimas safras em 111 mil hectares, a prática reduziu significativamente os riscos da ferrugem asiática. Na safra atual, a produtividade média alcançou 70-71 sacas por hectare, sem registros da doença nas áreas monitoradas.
“Prevaleceu o consenso de que a antecipação funciona e não põe em risco as lavouras da região, numa decisão que é respaldada por dados científicos e empiricamente, também”, completa.
Além disso, a antecipação favorece o algodão irrigado, permitindo maior potencial produtivo, menor exposição a pragas e doenças e ciclos mais curtos. Conforme a Embrapa Algodão, atrasos no plantio aumentam em até 35% o uso de fungicidas e comprometem a qualidade das fibras, reduzindo a produtividade. O ajuste do calendário respeita o vazio sanitário e fortalece o controle fitossanitário, melhorando o manejo agrícola.
Entretanto, há preocupação com a disseminação de tigueras de algodão em lavouras de soja devido ao transporte inadequado de caroço de algodão e calcário. Alessandra reforçou a necessidade de conscientização e limpeza rigorosa dos caminhões, ressaltando o compromisso das entidades em promover sustentabilidade e eficiência na produção agrícola regional.