Pesquisadores enriquecem farinha de mandioca com Camu-Camu
Cientistas usam fruto amazônico para enriquecer farinha de mandioca
Pesquisadores brasileiros descobriram que a adição de camu-camu à farinha de mandioca amarela pode enriquecê-la nutricionalmente, torná-la mais atraente ao paladar e agregar valor ao produto. A pesquisa, conduzida por Pedro Vitor Pereira Guimarães durante seu doutorado no Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte, em parceria com várias instituições, demonstrou que diferentes métodos de desidratação, como a liofilização e a secagem ao sol, melhoram a coloração e a concentração de antioxidantes nos produtos finais.
O estudo intitulado “Desenvolvimento de produtos à base de frutos e resíduos beneficiados do processamento de camu-camu” envolveu instituições como a Universidade Federal de Roraima (UFRR), Embrapa Roraima, Embrapa Instrumentação, e a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas. A pesquisa teve como objetivo formular e caracterizar farinhas a partir de frutos ou resíduos agroindustriais de camu-camu utilizando diferentes métodos de secagem.
Os resultados mostraram que a farinha de camu-camu tem o potencial de enriquecer outras farinhas e alimentos, sendo bem aceita regionalmente e com potencial internacional. O produto desenvolvido pode fortalecer a economia local, gerar emprego e renda, especialmente para a agricultura familiar e programas destinados às mulheres rurais. Além disso, contribui significativamente para a segurança alimentar e nutricional, proporcionando dietas enriquecidas com produtos nativos.
Os frutos foram coletados às margens do Lago da Morena, no município de Cantá, em Roraima, e processados na Embrapa Roraima. A pesquisa destacou a importância do aproveitamento de resíduos e materiais orgânicos, alinhando-se à política nacional de resíduos sólidos e propondo destinos ambientalmente adequados para materiais de interesse biotecnológico.
A farinha de mandioca enriquecida com diferentes doses de farinha de camu-camu mostrou melhorias significativas na coloração, teores de sólidos solúveis, e conteúdos de antioxidantes, incluindo ácidos ascórbicos e cítricos. As formulações testadas incluíram cinco doses percentuais de farinha de camu-camu: 0% (controle), 5%, 25%, 50%, e 100%.
Embora a liofilização tenha apresentado os melhores resultados, foram testadas também técnicas de desidratação ao sol, utilizando forno solar artesanal, forno elétrico e estufa elétrica convencional. Essas técnicas visam ampliar as possibilidades para a agroindústria familiar, resultando em farinhas com boas características para o mercado interno e externo.
A coorientadora do estudo, Maria Fernanda Berlingieri Durigan, da Embrapa Instrumentação, afirmou que os métodos de processamento da farinha à base de frutos inteiros ou de resíduos agroindustriais de camu-camu são uma excelente alternativa para a industrialização desse fruto, especialmente em regiões produtoras, aproveitando suas qualidades agroindustriais e nutricionais. Os pesquisadores esperam que futuros testes aprimorem ainda mais a elaboração das farinhas e a aceitação dos novos produtos desenvolvidos. As informações foram divulgadas pela Embrapa.