Por que sobram recursos para esse tipo de financiamento?
Para Bassani, há diversas hipóteses que ajudam a explicar o fenômeno

Segundo análise do economista e educador com atuação no agronegócio, José Luís Bassani, publicada em suas redes sociais com base em dados do Banco Central, a baixa contratação de crédito para armazenagem via Programa de Construção de Armazéns (PCA) revela um paradoxo intrigante no setor. Na safra 2023/24, apesar de um orçamento robusto de R$ 6,7 bilhões, apenas R$ 3,5 bilhões foram efetivamente contratados — com 76% desse valor concentrado em apenas três instituições financeiras. Desde a criação das regras atuais do PCA, no Plano Safra 2013/14, a média histórica de contratação em relação ao orçamento tem sido de apenas 65%.
Para Bassani, há diversas hipóteses que ajudam a explicar o fenômeno. Entre elas, a possível falta de interesse do produtor rural, a reprovação de propostas por ausência de documentação adequada ou capacidade de pagamento, e o desconhecimento das condições da linha de crédito por parte dos agricultores. Em suas aulas, ele relatou que muitos alunos desconheciam os benefícios do PCA e apontaram a preferência dos bancos por linhas de crédito de curto prazo, de giro mais rápido e com maior rentabilidade. Além disso, o risco percebido em operações de longo prazo também desestimula o apetite das instituições financeiras.
“Outra constatação importante da pesquisa foi o baixo ticket médio dos financiamentos, especialmente considerando o alto custo para construir uma nova estrutura. Isso sugere que a maioria das contratações tem sido para adequações, ampliações e pequenos silos, principalmente para armazenagem de ração na pecuária (bovinos, suínos, aves e peixes)”, conclui.