Paralisação de esmagamento de soja movimenta mercado
A Vicentin, que já foi líder na exportação de farelo e óleo de soja na Argentina

Segundo Gabriel Tarif, consultor comercial da Agrinvest Commodities, o mercado de soja e seus derivados reagiu com força à notícia da paralisação temporária das operações de esmagamento da Vicentin, uma das mais tradicionais processadoras argentinas de óleo de soja. A suspensão das atividades impulsionou os preços do farelo na Bolsa de Chicago (CBOT), puxando a cotação da soja junto.
A Vicentin, que já foi líder na exportação de farelo e óleo de soja na Argentina, está em processo de insolvência desde 2019, acumulando dívidas superiores a US$ 1 bilhão. Desde então, a empresa operava sob o modelo "Fasson", prestando serviços de processamento para terceiros. No entanto, pressões de bancos e credores na recuperação judicial colocaram em dúvida a titularidade dos grãos armazenados, desestimulando os clientes e culminando na suspensão das atividades industriais.
De acordo com o analista Eduardo Vanin, ainda há possibilidade de reversão da paralisação por meio de decisão judicial, mas caso o cenário se mantenha, o impacto pode ser significativo: entre 200 e 300 mil toneladas a menos no esmagamento mensal argentino, o que representa de 6% a 9% da capacidade total do país, que pode chegar a 4 milhões de toneladas por mês. Como maior exportador global de farelo e óleo de soja, a retração da Argentina afeta diretamente o equilíbrio da oferta mundial.
Em contrapartida, o Brasil segue expandindo sua capacidade de processamento. A previsão é de um incremento de 2,5 milhões de toneladas em 2024, o que pode compensar parcialmente a lacuna deixada pela Vicentin. Para as indústrias brasileiras, o momento representa uma oportunidade de maior presença internacional, aumento de margens e valorização dos produtos.