SP: Produtores de grãos enfrentam margens apertadas
Faesp alerta para planejamento estratégico
A Faesp apresentou nesta sexta-feira (4) os resultados de custo de produção da safra de grãos 2023/24 e as perspectivas para o próximo ciclo. Os dados foram levantados em parceria com o CEPEA/ESALQ-USP e focaram em importantes regiões produtoras de grãos de São Paulo, como Guaíra, Paranapanema e Itapeva. A análise abrangeu as culturas de soja, milho, trigo e feijão, em sistemas irrigados e de sequeiro, mostrando um cenário de margens apertadas desde a safra 2022/23, que deve continuar no próximo ciclo.
Claudio Brisolara, gerente do Departamento Econômico da Faesp, destacou, durante a reunião virtual com sindicatos rurais, que a queda dos valores dos insumos não foi suficiente para compensar os impactos da quebra de safra, ocasionada por seca e temperaturas elevadas. Segundo ele, o cenário macroeconômico, combinado com a redução nos preços recebidos pelos produtores, afetou a rentabilidade especialmente nas áreas de sequeiro. Brisolara também reforçou que as áreas irrigadas, apesar de mais estáveis, ainda enfrentam desafios, mas se destacaram em termos de desempenho em comparação com outras regiões do país.
Mauro Osaki, professor e pesquisador do CEPEA/ESALQ-USP, detalhou os custos de produção e apresentou uma análise da evolução das margens dos produtores. Segundo Osaki, o custo para culturas como soja e milho continua elevado, e a pressão sobre as margens deve continuar para 2024/25. Ele pontuou que, apesar da queda nos preços dos insumos durante a safra 2023/24, a receita dos produtores foi severamente impactada pela quebra de safra e pela desvalorização dos preços de venda dos grãos. Osaki ainda alertou que, para 2024/25, as perspectivas não são animadoras, com margens de lucro continuando a ser desafiadas por incertezas no mercado e nos custos de produção. As projeções para o próximo ciclo indicam que os produtores devem permanecer atentos ao cenário macroeconômico e buscar maior eficiência nas operações, além de utilizar estratégias de gestão de risco para mitigar possíveis perdas.
Durante o evento, Tirso Meirelles, presidente da Faesp, ressaltou que o planejamento operacional e financeiro é essencial para os produtores enfrentarem as adversidades que o setor de grãos enfrenta atualmente. "O produtor precisa pensar estrategicamente e usar os dados disponíveis para tomar decisões embasadas e garantir a sustentabilidade do negócio", afirmou Meirelles, enfatizando que o acesso às informações de custo de produção, como as divulgadas pela Faesp e CEPEA, é uma ferramenta vital para o sucesso da safra.
Brisolara encerrou a reunião virtual orientando os produtores a utilizarem o zoneamento agrícola como ferramenta de gestão de risco, e a planejarem detalhadamente cada etapa de sua produção. “Fazer a gestão dos custos e riscos é mais importante do que nunca. O cenário atual demanda que o produtor tenha tudo na ponta do lápis para tomar decisões que garantam sua viabilidade financeira”, concluiu.