Entressafra pode pressionar preços do leite para cima
Produção de leite cresce no Brasil

A produção de leite industrializado no Brasil registrou crescimento em 2024 pelo segundo ano consecutivo, acumulando alta de 6,3% desde 2022. Segundo o boletim Agro em Dados de abril, divulgado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás, no quarto trimestre de 2024 foram captados 6,7 bilhões de litros de leite, o que representa um aumento de 4,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste continuam liderando a captação nacional. Neste cenário, Goiás responde por 81,9% da produção leiteira do Centro-Oeste, desempenhando papel central na representatividade da região no setor.
Em relação aos custos de produção, dados da Embrapa indicam melhora na relação de troca ao produtor em janeiro. Foram necessários 33,8 litros de leite para a aquisição de 60 quilos da mistura, o que representa uma redução de 17,2% na comparação com o mesmo mês de 2023.
O setor também se prepara para a entressafra da bovinocultura leiteira, que se estende de março a agosto. Historicamente, o período apresenta queda na produção mensal em relação à média anual. A menor oferta no mercado interno tende a provocar elevação nos preços nos próximos meses.
No mercado internacional, as exportações brasileiras de derivados lácteos aumentaram em fevereiro. A manteiga foi o destaque, com volume exportado quase sete vezes maior. Houve ainda crescimento na comercialização de creme de leite, leitelho e soro de leite, com aumentos de 15,7%, 39,3% e 16,5%, respectivamente, em comparação com fevereiro de 2023.
O último leilão do Global Dairy Trade (GDT), realizado em 18 de março, apontou média de US$ 4.245,00 por tonelada para os produtos negociados. No entanto, o volume comercializado apresentou queda pelo décimo leilão consecutivo, totalizando 19,5 mil toneladas — o menor patamar para um mês de março desde 2018. A instabilidade geopolítica global contribui para a incerteza nos mercados de leite, afetando oferta, demanda e preços.
Nos dois primeiros meses de 2025, o queijo brasileiro foi o terceiro derivado lácteo mais valorizado nas exportações, com média de US$ 5.870,68 por tonelada. Em Goiás, o queijo goiano foi o segundo mais bem pago, com US$ 3.755,33 por tonelada, ficando atrás apenas do leite em pó e do doce de leite. A valorização do produto evidencia, segundo o boletim, o valor agregado do processamento do leite e o reconhecimento da qualidade do queijo goiano no mercado externo.