Disputa expõe problemas no setor ferroviário
Outro ponto crítico é a regulação insuficiente pela ANTT
Conforme Anderson Nacaxe, Country Manager na Agrotoken, a recente disputa entre grandes tradings exportadoras e a Rumo Logística revela os desafios de monopólios naturais, como o ferroviário. A cláusula “Take or Pay”, que obriga o pagamento pela capacidade contratada mesmo em quebras de safra, transfere o risco operacional para tradings como Bunge, Cargill, ADM, COFCO International e Louis Dreyfus Company, que já lidam com a alta volatilidade do agronegócio.
Além disso, denúncias de diferenciação tarifária, com ajustes conforme cliente ou rota, prejudicam alternativas logísticas como o Arco Norte, desestimulando investimentos em novos modais e concentrando o poder no sistema ferroviário. Essa prática aumenta os custos para um setor agrícola já pressionado no mercado internacional, reduzindo sua margem competitiva.
Outro ponto crítico é a regulação insuficiente pela ANTT, que falha em equilibrar os interesses no setor ferroviário. Enquanto a Rumo argumenta que precisa de previsibilidade para manter investimentos, o agronegócio, altamente competitivo e sensível a custos, sente o impacto dessa relação desigual.
Para Nacaxe, esse cenário de desequilíbrio penaliza a eficiência e a capacidade de inovação do agro brasileiro, afetando não apenas empresas, mas a economia como um todo. O caso reforça a necessidade de revisões regulatórias para equilibrar o mercado e promover maior competitividade. “No fim, o que estamos vendo é um desequilíbrio que penaliza a eficiência e a competitividade do agro brasileiro, limitando sua capacidade de inovar e crescer. Um exemplo claro de como falhas de mercado e regulação afetam não só os negócios, mas toda a economia”, conclui.