Soja: Pressão externa e seca reduzem produção no Brasil, mas preços reagem

A cotação da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) recuou novamente nesta semana, rompendo o piso de US$ 10,00/bushel e atingindo US$ 9,84 no dia 4 de março. O mercado internacional segue pressionado pela guerra comercial entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais, incluindo a China, o Canadá e o México.

A decisão do governo norte-americano de taxar importações agrícolas gera incerteza entre os produtores e investidores, reacendendo memórias da crise de 2018. O temor de retaliações chinesas contra as compras de soja dos EUA tem derrubado os preços, com reflexos diretos no mercado global.

Para o Brasil, a conjuntura é ambígua. Se, por um lado, o país pode se beneficiar com o possível redirecionamento das compras chinesas, por outro, enfrenta desafios logísticos e de infraestrutura que encarecem o produto. Além disso, a seca severa no Rio Grande do Sul compromete a produção, com perdas estimadas entre 40% e 50% na safra gaúcha.

Os preços no mercado físico brasileiro subiram levemente, impulsionados pela desvalorização do real, que atingiu R$ 5,91 por dólar em alguns momentos da semana. A média estadual do Rio Grande do Sul chegou a R$ 126,95/saca, enquanto outras regiões registraram valores entre R$ 103,00 e R$ 129,00/saca.

A colheita da soja no Brasil avançou para 48,4% da área total, superando a média histórica de 46,6% para o período. O Mato Grosso já atingiu 82,3% da colheita, e no Paraná, 50%. No Rio Grande do Sul, contudo, o avanço é de apenas 1%, refletindo o impacto das adversidades climáticas.

Diante desse cenário, a produção nacional de soja é estimada entre 166 e 168 milhões de toneladas, mas pode sofrer ajustes. As exportações devem totalizar 107 milhões de toneladas, levemente abaixo da previsão inicial de 108,5 milhões, segundo a consultoria StoneX.