Preço da soja ainda garante lucro, mas alerta para riscos
A recomendação da consultoria é de venda
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A soja enfrenta um cenário de fundamentos predominantemente baixistas, conforme análise da TF Agroeconômica. O mercado segue pressionado pelo aumento da oferta em relação à demanda, enquanto fatores geoeconômicos e geopolíticos geram incertezas.
A recomendação da consultoria é de venda, uma vez que os preços atuais ainda garantem margens de lucro significativas, variando de 10,90% no Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia, até 25,91% para operações na Bolsa de Chicago. Além disso, o adiamento da entrada do B15 e a suspensão dos financiamentos agrícolas no Brasil adicionam incertezas ao setor.
Entre os fatores altistas, destaca-se a substituição da soja pelo milho nos Estados Unidos, com projeção de redução de 3,57% na área plantada para 2025/2026. Além disso, as produções de Argentina e Paraguai foram revisadas para baixo, com estimativas de 47,5 milhões de toneladas e 10,7 milhões de toneladas, respectivamente. No Brasil, a demanda por óleo de soja para biodiesel sustenta os preços do produto 14,22% acima do final de 2024. No entanto, a baixa demanda pelo farelo de soja limita a valorização do grão.
Por outro lado, os fatores de baixa incluem a realização de lucros sobre o óleo de soja, a entrada da safra brasileira no mercado e a fraqueza das exportações dos EUA. Chicago registrou perdas, com o óleo de soja recuando US$ 9,92 na posição de março, atingindo US$ 1.031,96 por tonelada. Além disso, as exportações americanas continuam fracas, com 480,3 mil toneladas vendidas na última semana, um aumento em relação ao período anterior, mas ainda 23% abaixo da média das últimas quatro semanas. A colheita no Brasil também avança, com Mato Grosso atingindo 66,16%, pressionando os preços.
No Brasil, a decisão de adiar o B15 adiciona 2,5 milhões de toneladas ao mercado, reduzindo a necessidade de esmagamento industrial. Além disso, a suspensão do financiamento agrícola para a safra 2025/2026 gera preocupações quanto ao plantio e à formação de preços. A alta taxa de juros e a falta de garantias para compradores internacionais contribuem para um ambiente de incerteza, aumentando a pressão baixista sobre a soja.