Expointer: Bateleur aponta as perspectivas para o agro gaúcho após as inundações
Bateleur aponta perspectivas para o agro gaúcho
Referência em fusões e aquisições e em consultoria estratégico-financeira na Região Sul do Brasil, a Bateleur reuniu as principais perspectivas para o agronegócio gaúcho em um relatório econômico que está sendo lançado durante a 47ª Expointer. O estudo “Agronegócio no Rio Grande do Sul e o impacto das enchentes” traz estimativas para as safras de soja, milho, trigo e arroz, além de projeções para a avicultura, a bovinocultura e a suinocultura.
Segundo o relatório, na safra vigente, além de lidarem com os prejuízos causados pela enchente, os produtores enfrentaram uma queda nos preços internacionais das commodities, decorrente do desequilíbrio entre a oferta e a demanda mundial por grãos, o que impactou negativamente as margens do setor. O estudo apresenta uma projeção para a próxima safra, destacando que “as perspectivas são mais favoráveis, com menos intercorrências climáticas previstas e a possibilidade de aumento do consumo interno, impulsionado pela recuperação do poder de compra da população”. Além disso, ressalta que “em um cenário menos turbulento, os investimentos realizados pelos produtores devem promover a retomada das cadeias produtivas, reforçados pelos recursos direcionados pelo Plano Safra, que podem acelerar esse processo”.
Soja
A expectativa é de uma safra nacional de 169 milhões de toneladas, com um pequeno aumento na área plantada. A próxima safra deve marcar recorde da produção brasileira, depois das quebras decorrentes da seca na região Centro-Oeste e da enchente que afetou o Rio Grande do Sul, com o Brasil atingindo o recorde de exportações do grão, mantendo-se como principal abastecedor global. A margem dos produtores deve seguir a tendência de retomada realizada nos últimos anos, mas ainda abaixo da média histórica. Uma eventual escalada na guerra comercial entre China e Estados Unidos pode direcionar demanda asiática para outros países, com a possibilidade de queda nos preços da bolsa de Chicago e aumento dos prêmios no Brasil.
Milho
A área plantada no país deve voltar a crescer, mas ainda abaixo do recorde da safra de 2022/23. Com a expansão da área plantada e a expectativa de melhores condições climáticas, o Brasil deve ter a segunda maior safra da história. A margem dos produtores deve seguir a tendência de recuperação em termos de rentabilidade, ainda abaixo da média histórica.
Trigo
A produção mundial deve ser recorde na próxima safra, apesar da diminuição na área plantada da Ucrânia e de quebras na Rússia por conta de secas e geadas. O aumento da demanda mundial deve estagnar em relação às elevações observadas nos últimos anos. Já os estoques globais devem cair, chegando ao menor patamar desde 2015. A perspectiva é de continuidade na redução, como reflexo de vários anos seguidos de déficits de oferta em relação a demanda. A margem dos produtores deve seguir em queda em relação aos anos recentes, cenário que desestimula o plantio do cereal, principalmente no Rio Grande do Sul. No entanto, mesmo com a queda na área plantada, a produção nacional deve ser a segunda maior da história.
Arroz
A área plantada de arroz apresenta tendência estrutural de queda no Brasil, diante de uma demanda cada vez menor que provém de mudanças no hábito alimentar dos brasileiros, associadas ao redirecionamento do consumo interno para massas e panificados. Depois da sequência de quebras decorrentes do fenômeno La Niña e da enchente que assolou o Rio Grande do Sul, a produção do grão deve ser normalizada. As menores safras de arroz do país fizeram os estoques encolherem de forma significativa, pressionando os preços para cima.
Com a normalização da produção, os estoques devem começar a diminuir. Completa o cenário a proibição de exportações de arroz na Índia, segundo maior produtor mundial do grão, que deve incentivar as exportações brasileiras, além de potencializar a margem dos agricultores.
Avicultura
O consumo interno da carne de frango tem apresentado tendência de alta nos últimos anos, mas a recuperação na demanda de cortes bovinos e suínos deve limitar a continuidade do crescimento da avicultura. A baixa no preço dos grãos reduziu as despesas com ração animal, aumentando significativamente a margem dos produtores. A tendência de diminuição no número de abates, presenciada ao longo de 2024, também deve contribuir para o aumento na rentabilidade. Eventuais altas de soja e milho podem reduzir a lucratividade dos pecuaristas.
Bovinocultura
A demanda interna por carne bovina pode voltar a aumentar nos próximos anos, impulsionada pela retomada do poder de compra da população. As perspectivas de exportações do corte são muito positivas em razão do aumento de vendas para a China, com sequência de recordes nos primeiros meses do ano. Além disso, o aumento na taxa de abate de fêmeas é responsável por tendência de queda do preço do boi gordo, através de uma ampliação da oferta. Uma menor quantidade de fêmeas tende a valorizar o preço dos bezerros, diminuindo a oferta de abate total e gerando valorizações no preço do boi gordo. O aumento esperado nos preços deve melhorar rentabilidade dos produtores, que sofreu baixa significativa nos últimos anos.
Suinocultura
O consumo interno de carne suína tem apresentado tendência de alta nos últimos anos, o que pode ser explicado a partir de uma maior competitividade do corte em termos de preço. A estabilização na quantidade de abates, somada à retomada do poder de compra da população, deve sustentar o preço do suíno vivo. A queda no preço dos grãos reduziu os gastos com ração animal, diminuindo o custo da produção. Com isso, a margem de lucro dos pecuaristas apresenta perspectiva positiva, depois de uma sequência de anos ruins. Mesmo com queda no número de abates, a exportação de carne suína deve ser recorde em 2024, baseada na manutenção da demanda externa. A situação positiva no exterior ocorre mesmo diante de uma redução das importações chinesas, com uma maior diversificação de compradores internacionais.