Ramulária: impactos e soluções para preservar o algodão
Doença atinge folhas e maçãs do algodão, comprometendo a produtividade e a qualidade
De acordo com o engenheiro agrônomo João Leonardo Corte Baptistella em artigo publicado no Blog da Aegro, a ramulária, conhecida também como mancha de ramulária ou falso-oídio, tem se destacado como um dos principais desafios fitossanitários da cultura do algodão no Brasil. Causada pelo fungo Ramularia gossypii (anteriormente chamado de R. aureola), a doença atinge folhas e maçãs do algodão, comprometendo a produtividade e a qualidade da fibra.
Desde seu primeiro registro no Brasil, em 1890, a ramulária passou de um problema secundário para uma ameaça em regiões produtoras como o Cerrado, onde as condições ambientais favorecem seu desenvolvimento.
A manifestação da ramulária depende da interação entre ambiente, patógeno e hospedeiro, conhecida como o triângulo da doença. No caso do Cerrado, a alta umidade, temperaturas entre 25°C e 30°C e chuvas frequentes criam o ambiente ideal para a disseminação do fungo.
Além disso, a presença de algodão tiguera (plantas voluntárias), cultivares suscetíveis e alta densidade de plantio agravam o problema, especialmente na parte inferior das plantas, onde o microclima é mais favorável.
A doença começa com lesões anguladas de 1 a 3 mm, inicialmente brancas e delimitadas pelas nervuras das folhas. Com a progressão, as lesões tornam-se amarelas e pulverulentas, especialmente na face inferior das folhas. Casos severos levam à desfolha e até ao apodrecimento das maçãs na parte inferior da planta, resultando em perdas significativas.
Para controlar a ramulária, é fundamental adotar um manejo integrado, combinando técnicas culturais e químicas.
Monitoramento: O acompanhamento diário da lavoura é essencial para identificar os primeiros sintomas e iniciar o controle.
Critério de aplicação: Recomenda-se iniciar as pulverizações quando as lesões atingem 5% da área foliar, sem afetar o terço médio da planta. Três aplicações, espaçadas em 15 dias, têm mostrado eficácia no controle.
Rotação de fungicidas: Alternar produtos com diferentes modos de ação ajuda a evitar a resistência do fungo.
Cultivares tolerantes: Optar por variedades resistentes ou tolerantes à ramulária reduz significativamente os danos causados pela doença.