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Safra de grãos expõe déficit de armazenagem no Brasil

Supersafra de grãos 2024/25: Por que a armazenagem será o grande desafio?



Foto: Divulgação

A produção de grãos no Brasil deve atingir um novo recorde na safra 2024/25, com projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicando 322,47 milhões de toneladas, superando em 0,8% a supersafra de 2022/23. Apesar do otimismo econômico, o déficit na capacidade de armazenagem ameaça a qualidade e o aproveitamento dessa produção.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o déficit de estocagem cresceu de 59 milhões de toneladas em 2017 para 119 milhões em 2023, um aumento de 101,6%. A desproporção entre produção e armazenamento gera preocupações quanto à preservação da qualidade de grãos como arroz, feijão, soja e milho, que devem liderar o crescimento na safra atual.

Giordania Tavares, CEO da Rayflex, empresa especializada em portas rápidas para a indústria, destaca que a falta de infraestrutura adequada compromete a conservação dos grãos. “Após a colheita, grãos como a soja continuam vivos e, por respirarem, aquecem. Em determinados gradientes de temperatura, há a proliferação acentuada de fungos e o aumento da ação de insetos. Hoje, sabe-se que grãos submetidos a temperaturas abaixo de 17°C têm maior resistência quanto à deterioração provocada por esses tipos de agentes contaminantes, por isso, é crucial ter um armazém onde pode-se controlar a temperatura”, explica.

No caso do feijão, a sensibilidade ao ambiente de estocagem é ainda maior. “No caso do feijão, a variação da qualidade é bem sensível ao armazenamento, pois, em sua composição há dois tipos de água, sendo elas a livre e constituída. A primeira é facilmente eliminada pelo calor, enquanto a segunda está fortemente ligada às células. Devido à capacidade de ceder e reter água com o ar que envolve o grão, a variação no  ambiente em que está estocado interfere diretamente na qualidade final do produto, que pode sofrer modificações na cor e até tornar-se mais duro. A recomendação é que a umidade do ar não ultrapasse 13%”, esclarece Giordania.

O uso de tecnologias avançadas, como portas rápidas em silos, é apontado como uma solução eficaz para mitigar as perdas pós-colheita. Esses equipamentos garantem vedação completa, protegendo os grãos contra ventos, chuvas e contaminantes, além de facilitar a movimentação dos produtos.

O crescimento recorde da produção de grãos reforça o papel estratégico do Brasil no mercado global. No entanto, superar o déficit de armazenagem é fundamental para garantir o aproveitamento máximo da safra e manter a competitividade do setor.

Com a ampliação da capacidade estática de armazenagem e o incentivo ao uso de tecnologias, o Brasil poderá não apenas reduzir perdas, mas também valorizar ainda mais sua posição como um dos principais exportadores de grãos do mundo.

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