Safra de trigo pode recuar em área plantada no Brasil em 2025
Plantio de trigo começa em Goiás e Minas Gerais

A área destinada ao cultivo de trigo no Brasil deve sofrer redução na próxima safra, segundo análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), referente ao período de 11 a 17 de abril, divulgada na última quinta-feira (17). De acordo com o levantamento, mesmo com a diminuição na área plantada, uma alta produtividade pode evitar queda na produção total.
O plantio da nova safra teve início nos estados de Goiás e Minas Gerais. Segundo o relatório de abril da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área nacional cultivada deve recuar 9,3%, totalizando 2,77 milhões de hectares. A produtividade média estimada é de 3.060 quilos por hectare, 18,5% acima da registrada em 2024. Com isso, a produção nacional pode alcançar 8,47 milhões de toneladas, um aumento de 7,4% em relação à safra anterior.
A consultoria StoneX estima produção ainda maior, com projeção de 8,6 milhões de toneladas para a safra 2025/26.
No Paraná, um dos principais estados produtores, os produtores indicam retração de 16% na área plantada, estimada em 1,05 milhão de hectares. O principal fator é a preferência pela substituição do trigo pelo milho safrinha, principalmente na região norte. No Rio Grande do Sul, estado líder em produção nacional, o cenário é de incerteza. “Os produtores locais estão indecisos devido à dificuldade de acesso a seguros e financiamentos, associada a uma descapitalização depois de frustrações com o cultivo da soja”, informa a análise da StoneX.
Quanto ao balanço de oferta e demanda, a consultoria prevê redução de quase 25% nos estoques iniciais de trigo em relação às projeções de março. Ainda assim, os estoques finais estimados para 2025/26 devem ficar 21,1% acima da safra anterior, apesar do recuo de 20% em comparação com o que havia sido projetado no mês anterior.
Em relação ao comércio exterior, as importações foram revisadas para cima, com aumento de 3,8% sobre a previsão anterior. Mesmo com o ajuste, o volume deve continuar abaixo do total importado na última safra. Por outro lado, as exportações tiveram retração na nova projeção, mas ainda estão 19,7% acima do ciclo 2024/25. A relação estoque/uso para a safra 2025/26 está estimada em 3,5%, conforme dados da StoneX.