Ferrugem asiática ameaça produtividade da soja em meio à instabilidade cambial
Mercado nacional enfrenta volatilidade cambial e pressão da ferrugem
Segundo dados recentes da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), o mercado brasileiro de soja atravessa um momento marcado por incertezas cambiais e desafios fitossanitários. A disparada do dólar, que chegou a R$ 6,30, foi contrabalançada pela queda nas cotações em Chicago, mantendo os preços domésticos praticamente estacionados. No Rio Grande do Sul, a média da saca fechou a semana em R$ 127,39, abaixo dos R$ 136,37 registrados no mesmo período de 2023.
Esse comportamento reflete não apenas a instabilidade cambial, mas também a projeção de uma safra recorde para 2024/25. Com condições climáticas favoráveis, o Brasil poderá colher até 170 milhões de toneladas, consolidando sua posição como líder global na produção de soja.
Outro dado relevante divulgado pela CEEMA é o avanço na infraestrutura industrial. O país conta com 13 novos projetos de indústrias moageiras de soja, que poderão adicionar 37.000 toneladas diárias à capacidade de esmagamento entre 2025 e 2027. Isso elevaria o total nacional para 72,1 milhões de toneladas por ano, sustentado pelo aumento do consumo de óleo de soja para biodiesel.
Estima-se que o nível de mistura do biodiesel passe dos atuais 14% para 17% até 2027, impulsionando a demanda pelo subproduto da soja. O consumo de óleo para biodiesel deverá subir de 5,9 milhões de toneladas para 7,9 milhões, o que também trará desafios no manejo do farelo de soja, cuja produção deve atingir 49,2 milhões de toneladas no mesmo período.
Enquanto o setor se prepara para novos recordes, a ferrugem asiática desponta como um dos maiores riscos à safra atual. Essa doença fúngica, que pode reduzir a produtividade em até 90%, tem atingido lavouras em praticamente todas as regiões produtoras do Brasil. Segundo especialistas, condições de temperatura entre 18°C e 26°C e alta umidade favorecem a proliferação do fungo, exigindo monitoramento constante e manejo adequado pelos produtores.