Calor e seca afetou qualidade dos grãos de soja
Umidade favorece soja, mas ferrugem preocupa

O Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar na quinta-feira (3) aponta que o retorno das chuvas no final de março trouxe alívio parcial às lavouras de soja no Rio Grande do Sul. De acordo com o documento, os volumes registrados favoreceram as plantas em fases de florescimento, enchimento de grãos e maturação, contribuindo para a recuperação da umidade dos grãos e da turgidez foliar.
“O avanço das chuvas ajudou as lavouras em estágios mais sensíveis, especialmente aquelas que ainda não haviam atingido a maturação plena”, destaca o boletim técnico. Com a melhora das condições, a colheita avançou de 24% para 39% da área cultivada, embora interrupções temporárias tenham sido registradas em razão do clima.
A antecipação do ciclo fenológico, provocada pelas temperaturas elevadas e pelo déficit hídrico de março, resultou em redução do potencial produtivo e no aumento da incidência de grãos esverdeados. “Muitas plantas não completaram seu ciclo antes da senescência, o que comprometeu a qualidade de parte da produção”, informa a Emater.
A dessecação das lavouras foi adotada em diversas áreas para uniformizar o ponto de colheita. A prática foi considerada necessária diante da desuniformidade de desenvolvimento, intensificada por replantios e brotações surgidas após as chuvas de fevereiro. O documento aponta que o rendimento médio no estado é estimado em 2.240 kg/ha, com ampla variação entre as regiões. Em alguns casos, foram colhidas mais de 5 mil kg/ha, enquanto em outros, produtores não colheram o suficiente para justificar a continuidade da operação.
As regiões Central e Oeste concentram as lavouras mais impactadas, enquanto o Quadrante Nordeste apresenta produtividade mais próxima do esperado inicialmente. A variação de resultados, mesmo dentro de uma mesma área, é atribuída à irregularidade das chuvas e às diferenças no ciclo das cultivares utilizadas.
Do ponto de vista fitossanitário, a umidade elevada, aliada a temperaturas mais amenas e à formação de orvalho, criou condições favoráveis ao surgimento da ferrugem asiática. “Os produtores estão intensificando o uso de Fungicidas de alta eficácia para controlar a doença, especialmente nas lavouras com maior potencial produtivo”, relata a Emater.
Na comercialização, o preço médio da saca de 60 quilos apresentou leve recuo de 0,17%, passando de R$ 127,60 para R$ 127,38, segundo levantamento semanal da Emater/RS-Ascar.