Primeiro adubo rastreado por IA é lançado no Brasil
A rastreabilidade no setor de fertilizantes orgânicos ganhou um avanço
![](https://www.agrolink.com.br/upload/imagens-resizes/e4b9d5b34b674bb4bb9093430a50848b_858x483.jpg)
A rastreabilidade no setor de fertilizantes orgânicos ganhou um avanço no Brasil. A greentech Carrot.eco e a empresa de gestão de resíduos Tera Ambiental desenvolveram o primeiro adubo orgânico rastreado por inteligência artificial, garantindo total transparência na destinação de resíduos e contribuindo para a redução de emissões de gases de efeito estufa.
Um dos maiores desafios na gestão de resíduos orgânicos pelas grandes empresas é a comprovação de que todo o material foi efetivamente reciclado e transformado em adubo. Atualmente, nenhuma empresa que destina seus resíduos para pátios de compostagem consegue comprovar a totalidade do que foi reaproveitado. Sem mecanismos de rastreamento eficazes, o processo fica vulnerável a falhas e fraudes.
Para resolver essa questão, a tecnologia monitora toda a cadeia produtiva do fertilizante, desde a origem do resíduo até sua conversão total em adubo. A solução emprega inteligência artificial e segurança blockchain, a mesma tecnologia utilizada na validação de transações de criptomoedas, assegurando que todas as etapas do processo sejam transparentes e verificáveis.
A parceria entre Carrot.eco e Tera Ambiental foi fundamental para viabilizar essa inovação. O software da Carrot.eco foi integrado ao sistema de logística da Tera, permitindo o rastreamento preciso das massas de lodo de esgoto, principal matéria-prima do fertilizante. Com isso, a confiabilidade e transparência na reciclagem dos resíduos são garantidas.
Além do rastreamento, a tecnologia também contribui para a redução de emissões. O uso do adubo orgânico diminui a necessidade de fertilizantes sintéticos nitrogenados, reduzindo significativamente a liberação de óxido nitroso (N2O), um gás com potencial de aquecimento global 300 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2). Segundo um estudo da Earth System Science Data, os níveis de N2O na atmosfera já são 40% maiores do que em 1980.
Outro benefício da iniciativa é a criação de créditos de reciclagem, que podem ser comercializados para empresas e investidores do setor ambiental. Esses créditos funcionam como um comprovante de destinação correta de resíduos e são um instrumento de compensação para companhias que não conseguem reciclar toda sua produção.
A Tera Ambiental, que transforma cerca de 30 mil toneladas de resíduos orgânicos por ano em fertilizantes, está conduzindo o projeto experimentalmente, mas já planeja expandir a operação. A empresa atua no processamento de resíduos industriais, agroindustriais e urbanos, com destaque para o lodo gerado no tratamento de esgoto de Jundiaí (SP).
Empresas que precisam comprovar a destinação correta de seus resíduos passam a contar com uma garantia inédita no Brasil: a total rastreabilidade do material encaminhado. Isso atende a exigências do escopo 3 do Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG Protocol), que mede as emissões indiretas de gases poluentes em toda a cadeia produtiva.
“O resíduo orgânico é 100% reciclável. Nossa meta é conectar grandes geradores, transportadores e recicladores para eliminar o envio de resíduos orgânicos para aterros e lixões. Como sempre dizemos, se dobrarmos a circularidade, resolvemos 50% dos problemas climáticos globais”, destaca Ian McKee, CEO da Carrot.eco.