Europa lidera mercado de biológicos agrícolas
O mercado de biocontrole poderá expandir-se significativamente
A União Europeia (UE), junto aos Estados Unidos, lidera a revolução dos produtos biológicos agrícolas, influenciando o mercado global de biocontrole e bioestimulantes. Embora América Latina e Ásia-Pacífico estejam ganhando força, a UE permanece à frente em inovação. Richard Jones, da DunhamTrimmer, entrevistou Mark Trimmer e Manel Cervera, executivos da empresa, para entender o sucesso e os desafios enfrentados nesse mercado.
Segundo Cervera, a demanda europeia por produtos agrícolas com menos químicos impulsiona o biocontrole. Supermercados adotaram padrões rigorosos de resíduos em produtos frescos, em resposta às expectativas dos consumidores. Esses “padrões secundários” exigem limites de resíduos de pesticidas bem abaixo dos padrões regulamentares, favorecendo produtos de biocontrole que, em geral, não deixam resíduos. Além disso, políticas ambientais e de saúde pública na UE, que restringem o uso de pesticidas convencionais, também aumentam a procura por alternativas biológicas.
Para Trimmer, no entanto, o processo regulatório europeu é um obstáculo ao desenvolvimento de produtos microbianos. Diferente dos EUA, onde a EPA possui diretrizes específicas para biopesticidas, a UE adota um sistema regulatório voltado a produtos químicos. Isso torna o lançamento de novos produtos biológicos mais lento e complexo. Trimmer acredita que, caso a UE simplifique esse processo, o mercado de biocontrole poderá expandir-se significativamente.
Quanto ao segmento de bioestimulantes, Cervera destaca o potencial crescente para produtos que melhorem a eficiência do uso de nutrientes, atendendo às necessidades do mercado europeu por produtos de qualidade. Apesar dos desafios regulatórios, algumas empresas inovam com moléculas bioestimulantes específicas, visando maior eficácia e previsibilidade nos resultados. A UE já incluiu bioestimulantes em sua regulamentação de fertilizantes, um passo importante para o avanço desse mercado, embora desafios, como o risco de comoditização e replicabilidade dos resultados em culturas de grande escala, ainda existam.
Em conclusão, a UE tem um papel pioneiro no avanço dos produtos biológicos agrícolas, mas enfrenta desafios regulatórios que atrasam a inovação. A expectativa é de que, com ajustes na legislação, o setor possa crescer ainda mais, sobretudo nos segmentos de biocontrole e bioestimulantes, ampliando as alternativas sustentáveis para a agricultura na região.