Soja fecha mista em Chicago com incertezas
Cresce a possibilidade de redirecionamento das compras globais para o Brasil

Segundo análise da TF Agroeconômica, os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a terça-feira (15) de forma mista, refletindo as incertezas do mercado quanto à demanda futura da oleaginosa norte-americana. O contrato de maio, referência para a safra brasileira, caiu 0,55%, fechando a US$ 1.036,00 por bushel, enquanto o de julho recuou 0,36%, cotado a US$ 1.046,50. Também houve queda no farelo de soja (-0,98%) e no óleo de soja (-2,18%), pressionando o mix de derivados.
A hesitação dos operadores decorre, principalmente, das dúvidas sobre o impacto da guerra comercial dos EUA com outras economias, especialmente com a China. Apesar de a Casa Branca ter pausado ou reduzido tarifas por 90 dias para alguns países, o mercado segue cauteloso. A expectativa de compras por parte da China, maior importadora global de soja, permanece baixa, e a preocupação maior está em evitar novos cancelamentos. O setor aguarda um possível acordo antes do segundo semestre, período em que a demanda internacional costuma se voltar para os Estados Unidos.
Um dos pontos que pressiona negativamente a CBOT, mas pode ser favorável para o Brasil, é justamente o avanço dessa guerra tarifária entre Washington e Pequim. A Casa Branca chegou a isentar eletrônicos de consumo da tarifa de 145%, mas a retaliação chinesa, com sobretaxa de até 125% sobre mercadorias norte-americanas, ainda levanta dúvidas sobre o acesso da soja americana ao maior mercado consumidor global, especialmente para a safra 2025/2026.
Com esse cenário, cresce a possibilidade de redirecionamento das compras globais para origens alternativas, como o Brasil. Isso pode trazer oportunidades ao produtor brasileiro, mas também exige atenção estratégica diante de um mercado volátil e geopolítico incerto.