Irrigação impulsiona café brasileiro em cenário de alta
Qualidade do café está diretamente relacionada à uniformidade de maturação dos grãos

O mercado de café brasileiro tem registrado uma valorização, impulsionada pela alta demanda global, variações cambiais e impactos climáticos na oferta. Diante desse cenário, a irrigação tem se tornado um fator essencial para garantir estabilidade e qualidade na produção.
O engenheiro agrônomo Elídio Torezani explica que a irrigação tem sido uma solução eficiente para assegurar uma produção constante, independentemente das oscilações climáticas. “A irrigação se consolida como um dos principais pilares para a valorização do café brasileiro, contribuindo para a segurança hídrica, a regularidade da produção e a elevação da qualidade do produto final”, afirma.
O uso de sistemas de irrigação tem sido adotado principalmente em regiões afetadas por períodos de estiagem, permitindo aos produtores reduzir impactos das variações climáticas e manter a oferta de grãos com padrões elevados de qualidade. Segundo estudos da Embrapa, o manejo adequado da irrigação melhora o aproveitamento da água e favorece a regularidade da florada, fator determinante para colheitas produtivas e bem classificadas no mercado.
Em estados como Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, sistemas como o gotejamento vêm sendo amplamente utilizados para garantir uma distribuição precisa de água e nutrientes, minimizando desperdícios. “O gotejamento, em particular, se destaca por sua eficiência no uso da água, permitindo uma distribuição precisa dos nutrientes e minimizando desperdícios”, ressalta Torezani.
A qualidade do café está diretamente relacionada à uniformidade de maturação dos grãos e ao controle do estresse hídrico. “A irrigação evita perdas na florada devido a estiagens e contribui para que os frutos cresçam e amadureçam de forma homogênea, um critério fundamental para a produção de cafés especiais”, explica o engenheiro.
A técnica do déficit hídrico controlado, que permite induzir a florada em momentos estratégicos, tem sido aplicada para garantir um maior padrão de qualidade. Segundo Torezani, essa abordagem melhora a uniformidade do café e influencia diretamente sua pontuação em concursos de qualidade, atraindo compradores dispostos a pagar prêmios por microlotes diferenciados.
A valorização do café tem levado produtores a investir em irrigação e consultoria especializada para potencializar seus resultados. A previsibilidade da produção possibilita negociações mais vantajosas e reduz impactos de safras irregulares. Com mercados internacionais priorizando certificações de produção sustentável, o uso racional da água tornou-se uma exigência crescente.
Novas tecnologias têm sido incorporadas ao setor, como sensores de umidade, estações meteorológicas e automação dos sistemas de irrigação, aumentando a eficiência operacional e reduzindo custos.