Brasil amplia vendas de soja no primeiro trimestre
Alta do dólar impacta mercado interno do grão

A análise semanal da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), referente à semana de 18 e 24 de abril publicada na quinta-feira (24), apontou recuo nos preços da soja no Brasil, impulsionado pela valorização do dólar, que atingiu R$ 5,67 no dia 24.
Segundo o levantamento, a média gaúcha ficou em R$ 127,24 por saca, mas as principais praças do estado registraram negociações em torno de R$ 123,00. No restante do país, os valores oscilaram entre R$ 106,00 e R$ 120,50 por saca. A pressão da safra recorde nacional, apesar das perdas no Rio Grande do Sul, também colaborou para a retração dos preços internos.
O relatório destacou ainda que a possibilidade de acordo comercial entre Estados Unidos e China impactou negativamente os prêmios nos portos brasileiros, ampliando a pressão sobre as cotações. “O desafio maior aos produtores nacionais é cuidar das margens de ganho para a safra 2025/26, especialmente frente à alta nos custos de produção”, informou a Ceema.
Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) estimou que o custo da nova safra de soja será 3,75% superior ao da anterior. Segundo cálculos do Projeto CPA-MT, o custeio em março foi projetado em R$ 4.118,61 por hectare. O aumento dos custos, somado à necessidade de aquisição antecipada de insumos, preocupa os produtores que recorreram à modalidade de troca de produtos (barter) para financiar a safra.
“O sistema de barter pode representar um desafio adicional para equilibrar as despesas da atividade”, apontou o relatório. Dados de março mostram que os produtores mato-grossenses precisaram de 25 sacas de soja para adquirir uma tonelada de Super Simples (SSP) e de 45,3 sacas para uma tonelada de MAP, o que representou alta de 30% e 18,2%, respectivamente, em relação ao ano anterior.
Além da soja, o milho também terá aumento de custos. O custeio do milho de alta tecnologia para a safra 2025/26 em Mato Grosso foi projetado em R$ 3.163,85 por hectare, alta de 1,05% em comparação a fevereiro, de acordo com o CPA-MT.
Um analista da Agrinvest Commodities afirmou que as atuais relações de troca entre soja e fertilizantes são as segundas mais desfavoráveis em 15 anos. “O custo nominal da safra 2025/26 será maior, isso é certo. O foco agora é buscar estratégias para melhorar essa relação insumo/preço da soja”, afirmou ao portal Notícias Agrícolas. Segundo ele, uma recuperação poderia ocorrer com a valorização do grão, uma vez que o cenário para os fertilizantes permanece pressionado.
Até o momento, cerca de 50% dos fertilizantes para a próxima safra já foram adquiridos no país.
No cenário das exportações, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) estimou que o Brasil deverá embarcar 14,3 milhões de toneladas de soja em abril, o que representaria crescimento de 6,3% em relação a abril de 2024. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até meados de abril, o ritmo das exportações estava 8,6% acima do ano anterior.
No acumulado do primeiro trimestre de 2025, o país exportou 26,6 milhões de toneladas de soja, aproximadamente um milhão de toneladas a mais que no mesmo período de 2024. Para o farelo de soja, a Anec manteve a projeção de exportação em 2,4 milhões de toneladas para abril. Entre janeiro e março, o Brasil exportou 5,3 milhões de toneladas de farelo, superando em 300 mil toneladas o volume registrado no primeiro trimestre do ano passado.