"Explosão" do etanol impulsiona alta no consumo de milho
Atualmente, 25 usinas de etanol de milho estão em operação no país

Segundo análise de Joana Colussi, Gary Schnitkey e Nick Paulson da Universidade de Illinois , o crescimento acelerado da produção de etanol à base de milho está transformando o destino do cereal no Brasil. Tradicionalmente voltado à exportação, o milho brasileiro tem sido cada vez mais consumido internamente, impulsionado principalmente pelos setores de proteína animal e biocombustíveis.
O processamento de milho para etanol saltou de 406.400 toneladas para 18.338.800 toneladas entre 2015/16 e a safra atual, representando 15% da produção nacional. Paralelamente, o consumo total interno aumentou 53% na última década, somando 87.884.000 toneladas em 2024/25. A maior fatia, cerca de 64.516.000 toneladas, é destinada à pecuária, especialmente à avicultura — setor em que o Brasil lidera as exportações globais. Já o uso industrial, alimentício e para sementes, incluindo o etanol, responde por outros 23.495.000 toneladas.
Atualmente, 25 usinas de etanol de milho estão em operação no país, com 15 em construção, concentradas principalmente na região Centro-Oeste, com destaque para Mato Grosso. A produção brasileira desse biocombustível saltou de 140 milhões para 8,2 bilhões de litros desde 2015/16 e deve chegar a 10 bilhões até 2025/26, o equivalente a quase um terço da produção total de etanol no país. Esse avanço é favorecido pelo crescimento da segunda safra, a safrinha, que já representa cerca de 80% do milho colhido no Brasil.
Com a demanda aquecida, os preços internos também reagiram. Em março, a cotação em Paranaguá (PR) superou R$ 37 por bushel, a maior em três anos. A tendência é de continuidade nesse movimento, impulsionada por novas plantas, políticas de incentivo ao uso de etanol e a aposta do país em liderar a produção de biocombustíveis sustentáveis.