Soja, milho e trigo: Clima, tarifas e tendências
No setor de trigo, a China tenta vender 600 mil toneladas compradas de outros países
O mercado agrícola global se ajusta após o Ano Novo Lunar na China, enquanto a América do Sul enfrenta desafios climáticos. As recentes chuvas aliviaram parte do estresse hídrico na Argentina e no Brasil, mas as altas temperaturas podem comprometer as lavouras de milho e soja. No cenário internacional, as tarifas impostas por Donald Trump sobre México, Canadá e China reacendem preocupações de uma nova guerra comercial, afetando a dinâmica dos mercados.
A China, que retomou as atividades econômicas, respondeu às tarifas de Trump com impostos sobre petróleo e gás dos EUA, mas não sobre grãos ou soja. Segundo Luiz Fernando Roque, da Hedgepoint Global Markets, se novas tarifas forem aplicadas à soja americana, o mercado pode reviver o cenário de 2018/19 e 2019/20, quando os estoques dos EUA cresceram e o Brasil aumentou suas exportações para a China.
No setor de trigo, a China tenta vender 600 mil toneladas compradas da Austrália e Canadá, indicando menor demanda ou expectativa de preços mais baixos. Já na Argentina, as chuvas foram insuficientes para parte das lavouras de milho, reduzindo a projeção da safra para 47 milhões de toneladas. O governo argentino cortou impostos sobre soja e milho, o que pode estimular as vendas. No Brasil, a colheita da soja e o plantio do milho seguem atrasados, mas o Mato Grosso apresenta produtividades recordes.
Nos fundos de investimento, a posição neutra na soja reflete incertezas climáticas no Brasil e Argentina. No milho, a visão é altista, com compras em nível máximo desde fevereiro de 2023. O mercado segue atento ao clima no Sul do Brasil e às movimentações políticas dos EUA, que podem impactar as exportações.