Sementes dos EUA podem “salvar” as maçãs
O projeto de van Nocker é parte de um esforço global
Em Michigan, uma macieira nativa, a Malus coronaria, está revelando um segredo ancestral de sobrevivência: florescer duas a três semanas depois das variedades cultivadas, como Honeycrisp ou Red Delicious. Este pequeno atraso no ciclo de floração permite que suas flores escapem das geadas mortíferas da primavera, um fenômeno que Steve van Nocker, geneticista de plantas da Universidade Estadual de Michigan, está estudando intensamente.
Van Nocker busca identificar os genes responsáveis por esta floração tardia, com o objetivo de desenvolver maçãs comerciais mais resistentes à geada. O processo, porém, é longo e envolve incursões pela floresta em busca das árvores, que estão se tornando cada vez mais raras devido à urbanização.
O projeto de van Nocker é parte de um esforço global para adaptar as culturas às mudanças climáticas. Na Europa e na Coreia do Sul, produtores estão experimentando com painéis solares em pomares, não só para proteger as frutas do granizo e do sol, mas também para regular a temperatura. Jared Buono, do Laboratório de Pesquisa Hudson Valley da Universidade Cornell, destaca a importância dessas inovações, especialmente após eventos climáticos extremos como o congelamento de 18 de maio de 2023 em Nova York, que reduziu a produção de maçãs em 20%.
Além disso, pesquisas recentes da Universidade de Maryland e da Universidade Estadual da Pensilvânia mostram avanços em variedades de maçã tolerantes ao calor e em tecnologias de aquecimento para pomares, respectivamente. Um estudo da Universidade Estadual de Washington alerta para mudanças nas temperaturas que podem impactar o ciclo de vida das maçãs, desde a dormência até o risco de queimaduras solares.
A Malus coronaria, ou maçã silvestre doce, é uma espécie em declínio, mas seus genes podem ser vitais para o futuro da produção de maçãs. Van Nocker e sua assistente, Lily “Kaz” Christian, coletam amostras das árvores para análise genética, esperando preservar e utilizar este recurso natural e sementes também serão analisadas. O objetivo não é substituir as maçãs comerciais, mas melhorar geneticamente as variedades existentes para enfrentar os desafios climáticos futuros.