Sistema alimentar global enfrenta transformação estrutural
A capacidade de ampliação da produção também está sendo comprometida

Segundo relatório do Rabobank Brasil, o sistema alimentar global está passando por uma profunda reestruturação, marcada por menor crescimento da demanda e aumento da volatilidade nos mercados. A instituição destaca que, após décadas de expansão, o consumo de alimentos e produtos agrícolas está perdendo força em várias regiões do mundo, consequência direta da desaceleração populacional e da maturidade dos mercados. Nessas economias mais avançadas, o crescimento econômico já não impulsiona o consumo como no passado.
Em paralelo, a capacidade de ampliação da produção também está sendo comprometida. O uso intensivo de insumos tem mostrado retornos decrescentes e as limitações ambientais tornam-se cada vez mais restritivas. Outro fator de pressão é a política econômica global, que tem enfraquecido os acordos multilaterais de comércio — importantes propulsores do crescimento agroalimentar nas últimas décadas.
A combinação desses fatores aumenta a incerteza e os custos na cadeia alimentar, elevando o risco de inflação dos alimentos. Diante desse cenário, o Rabobank recomenda que os agentes da cadeia de valor priorizem estratégias de fornecimento mais robustas e busquem consolidações que ofereçam maior resiliência diante da volatilidade crescente.
Além disso, os limites planetários estão se tornando parte central das discussões estratégicas entre produtores, investidores e empresas de alimentos. Essa mudança é motivada tanto pela pressão regulatória quanto pela crescente consciência sobre os riscos ambientais. Ao mesmo tempo, observa-se uma transição de responsabilidades: governos reduzem suas metas de sustentabilidade e transferem essas exigências para o setor privado, enquanto reforçam agendas voltadas à autonomia estratégica.