Sojicultor brasileiro lucra com tarifas de Trump?
O prêmio subiu US$ 83, compensando a baixa
No início do mandato do novo governo norte-americano, a soja na CBOT estava cotada a 1073,75 pontos - Foto: Pixabay
Segundo análise de Luiz Carlos Pacheco, Analista Sênior da TF Agroeconômica, publicada nesta segunda-feira (14), o impacto concreto das tarifas impostas pelo governo Trump sobre as relações comerciais globais começa a ser sentido pelo sojicultor brasileiro. Apesar do discurso dominante sobre os benefícios gerados pelos prêmios mais altos, Pacheco alerta que poucos fizeram os cálculos completos. Ao comparar dados de 20 de janeiro a 13 de abril de 2025, a realidade mostra um cenário mais complexo e até mais positivo do que o inicialmente divulgado.
No início do mandato do novo governo norte-americano, a soja na CBOT estava cotada a 1073,75 pontos, com prêmio negativo de US$ 18, resultando em um preço de US$ 329,41/tonelada no porto brasileiro. Com o câmbio a R$ 6,03, isso significava R$ 2.348,14/tonelada ou R$ 140,86 por saca. Já em 13 de abril, mesmo com a cotação da CBOT recuando para 1043,75 pontos, o prêmio saltou para US$ 65, elevando o preço da tonelada a US$ 407,41. Com o câmbio recuando para R$ 5,87, o valor chegou a R$ 2.354,50/tonelada, ou R$ 143,46/saca.
Os números mostram que, apesar da queda de 34 pontos na Bolsa de Chicago, o prêmio subiu US$ 83, compensando a baixa e resultando em um acréscimo de US$ 78 por tonelada no porto. Em reais, a tonelada subiu R$ 6,36, com a saca valorizando R$ 2,60. No entanto, ao considerar o mercado interno brasileiro — onde a disputa entre indústrias e exportadores, aliada aos sustos da colheita, influenciaram os preços — o ganho efetivo foi ainda maior: R$ 8,33/saca. Portanto, embora o efeito das tarifas tenha impulsionado os prêmios e colaborado com a valorização da soja nacional, o verdadeiro ganho do produtor brasileiro vai além da conta cambial e depende de múltiplos fatores internos.
