Infraestrutura: “Margem de lucro do produtor está cada vez mais espremida”, diz Tereza Cristina
Em seminário, ministra afirma que a competitividade da agropecuária brasileira precisa melhorar
Em discurso na abertura do seminário “Perspectivas do Agronegócio 2019”, em Campo Grande, a ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) ressaltou nesta sexta-feira (05) que um dos grandes problemas do produtor brasileiro é o alto custo da produção, agravado por problemas de infraestrutura. Ela disse que, nos últimos cinco anos, a margem de lucro dos produtores rurais brasileiros ficou cada vez mais espremida, porque o país não tem como competir com países que têm infraestrutura de escoamento de produção muito melhor que a brasileira.
“Estamos a cada dia perdendo um pouco mais na competitividade”, disse ela. “Se você olhar os custos de produção dos últimos cinco anos, vai ver que a margem do produtor está cada vez mais espremida. Por vários motivos. Primeiro, a infraestrutura: nós não temos como competir com países que já estão prontos, como os Estados Unidos, que já têm portos, ferrovias, hidrovias, rodovias, só têm de fazer melhorias. A Argentina tem uma geografia muito melhor que a nossa, pois o país é comprido, é muito mais fácil atingir os portos do que no Brasil, com essa dimensão continental que nós temos. Tudo aqui é mais complicado, mais caro, e nós precisamos cuidar muito de nossos custos de produção”.
A ministra disse que no Ministério da Agricultura está trabalhando muito para melhorar essas condições no Brasil, principalmente nas negociações para o Plano Safra 2019/2020, que será anunciado em breve. Tereza Cristina disse, porém, que o produtor rural brasileiro precisa “começar a abrir a cabeça” para a abertura dos mercados do país para o mundo.
“Nosso ministro da Economia (Paulo Guedes) é um liberal, e ser liberal é proteger nossos mercados, mas também abrir a nossa economia para o mundo. Nós não podemos continuar pensando que exportamos 80% do que produzimos de soja para a China e que a China não vai pedir uma contrapartida para nós, num produto que ela queira mandar para o Brasil”, explicou a ministra. “As coisas funcionam numa mão dupla. Nós temos que pensar que o mercado não vai poder ficar fechado a vida toda”.
Ela disse que algumas cadeias produtivas precisam “fazer o dever de casa” e melhorar suas condições estruturais, para melhorar a competitividade. Citou a do leite como exemplo.
Melhorar a imagem do produtor
Na noite de quinta-feira (04), ao participar da abertura da Expogrande, feira agropecuária de Campo Grande, a ministra disse também que está empenhada em melhorar a imagem do produtor rural brasileiro, principalmente no exterior, mostrando que ele ajuda a preservar o meio ambiente e tem preocupações com a produção sustentável.
“Quero vender a imagem real, a imagem dos produtores e produtoras que trabalham com muitas dificuldades, que não têm vida fácil. Temos um arcabouço de leis que atrapalham a vida daqueles que querem produzir. Se nós conseguirmos desconstruir a imagem que levaram para fora do nosso país, as pessoas já começam a mudar o seu entendimento e a ver um Brasil de maneira diferente”, disse a ministra. “Em 90 dias o governo brasileiro, não a ministra Tereza Cristina, mas o governo brasileiro, o governo do presidente Jair Bolsonaro, já começa a mostrar uma imagem real do país, uma imagem verdadeira de um país que trabalha, o país que mais preserva no mundo”.
A ministra lembrou que, pela lei brasileira, os produtores rurais têm de destinar de 20% a 80% de suas propriedades para a preservação ambiental, sem receber nada em troca por isso.
“Somos nós produtores rurais que bancamos essa preservação no mundo! Estamos felizes em preservar o meio ambiente, em promover o desenvolvimento junto com a preservação ambiental, fazendo uma produção sustentável. É muito bonito falar em sustentabilidade, mas quem faz isso são os produtores rurais. Nós queremos continuar preservando, nós vamos continuar preservando e, assim mesmo, nós vamos continuar produzindo cada vez mais para alimentar a população mundial, que daqui a alguns anos vai chegar a 9 bilhões de pessoas”, disse a ministra.
Segundo ela, “o Brasil tem a oportunidade e a responsabilidade de produzir para alimentar parte dessa gente do mundo, colocando comida saudável, alimentos baratos na mesa do cidadão brasileiro e ainda exportando para mais de 160 países”.