Brasil contraria maiores economias e eleva taxa de juros
EUA e China estão cortando ou mantendo seus juros

O Banco Central do Brasil elevou a Selic para 14,25% e sinalizou um novo aumento, conforme relatório de David Beker, chefe de economia para o Brasil e de estratégia para a América Latina do Bank of America, divulgado nesta quarta-feira (19). O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, de forma unânime, elevar a taxa em 100 pontos-base e indicou mais um ajuste de menor magnitude na próxima reunião, sem oferecer diretrizes para os encontros subsequentes. A análise do BofA prevê duas novas altas de 50bps nas próximas reuniões, com possíveis cortes posteriormente.
No cenário externo, o Copom destacou a incerteza sobre a política comercial dos Estados Unidos, o que pode afetar a desinflação global e o crescimento econômico. No Brasil, o comunicado trouxe a observação de que a atividade econômica dá sinais de "moderação incipiente", enquanto as expectativas de inflação foram descritas como "em nível elevado", sugerindo um processo de estabilização.
A inflação segue acima da meta de 3,0% no horizonte relevante de seis trimestres, com projeção para o terceiro trimestre de 2026 ajustada de 4,0% para 3,9%. Para 2025, a estimativa anual caiu de 5,2% para 5,1%. Com a desaceleração da atividade econômica e a estabilização das expectativas inflacionárias, o Bank of America avalia que a Selic pode atingir 15,25% antes de uma possível reversão da trajetória de alta.
Brasil na contramão?
Enquanto grandes economias mantêm ou reduzem juros, o Brasil segue na contramão. O Federal Reserve manteve as taxas dos EUA entre 4,25% e 4,50% ao ano, sem mudanças por duas reuniões consecutivas, refletindo incertezas econômicas. O presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou a necessidade de cautela antes de ajustes, mas indicou possíveis cortes em 2025.
Na China, o Banco Central manteve as taxas de referência de empréstimo inalteradas, com a LPR de um ano em 3,1% e a de cinco anos em 3,6%. A decisão acompanha a postura do Fed, apesar das pressões externas, como tensões comerciais e defesa do yuan. Pequim foca no consumo interno para mitigar impactos da guerra comercial. Apesar de sinais de recuperação, como alta no varejo e produção industrial, a inflação negativa e a deflação industrial indicam necessidade de estímulos. Analistas preveem cortes nos juros chineses ainda em 2024, alinhados à meta de crescimento de 5%.