Melanose
(Diaporthe medusaea) Culturas Afetadas: Citros
Sinônimo: Diaporthe citri
A melanose é importante em pomares cuja produção é destinada ao mercado de fruta fresca, pois a doença compromete somente a aparência externa dos frutos. A doença é geralmente severa em pomares velhos e mal conduzidos. A incidência e a severidade de melanose vêm aumentando ano a ano no país. O agente causal de melanose pode também provocar a podridão peduncular, doença que afeta frutos, geralmente após sua colheita, durante seu transporte e armazenamento.
Danos: Os sintomas de melanose podem ocorrer em ramos, folhas e frutos das principais variedades e cultivares de citros de interesse comercial. A melanose afeta somente órgãos verdes em início de desenvolvimento. As folhas são suscetíveis somente quando elas estão em crescimento, tornando-se resistentes após atingirem seu tamanho final. Os frutos são suscetíveis somente quando jovens, tornando-se resistentes com cerca de 12 semanas de idade, a contar da data de queda das pétalas. Em folhas e ramos novos, os sintomas iniciam-se na forma de pequenas anasarcas, de menos de 1 mm de diâmetro, deprimidas no centro, com um halo amarelado ao seu redor, que com o tempo desaparece. Com o rompimento da cutícula, uma substância, gomosa é exsudada na região afetada, que depois adquire uma consistência firme e de coloração marrom-chocolate, fazendo com que as lesões se tornem salientes e ásperas ao tato. Essas manchas nada mais são do que secreções gomosas dos tecidos afetados, em reação à ação do fungo, que fica assim impedido de se desenvolver. As manchas em folhas e ramos podem ser espalhadas ou agregadas. Folhas com muitas manchas podem amarelecer, apresentar deformações e até cair.
As manchas de melanose em frutos são muito semelhantes às manchas em folhas e ramos. Elas são também pequenas, geralmente menores que 1 mm de diâmetro salientes, de coloração marrom-chocolate. Essas manchas são superficiais, não comprometendo os tecidos localizados abaixo da casca do fruto. A ocorrência de muitas manchas em frutos jovens pode comprometer seu desenvolvimento, podendo até provocar sua queda prematura. Quando os conídios atingem frutos mais desenvolvidos, porém ainda no estádio suscetível de até 12 semanas de idade, as manchas são menores. As manchas podem apresentar formas distintas, dependendo da sua distribuição na superfície do fruto. Quando as manchas ocorrem em grande número e se agrupam irregularmente em uma pequena área do fruto, a superfície da casca sofre fendilhamentos, dando origem a uma grande mancha áspera, que é denominada “bolo-de-lama”. Caso as manchas se concentrem segundo estrias no sentido longitudinal do fruto, em decorrência do corrimento de gotas de água contendo conídios do fungo em suspensão, da região peduncular para a extremidade estilar do fruto, as manchas são denominadas de “manchas de lágrima”. Pulverizações com fungicidas cúpricos feitas após o início do aparecimento das manchas em frutos, podem provocar fendilhamentos de forma estrelada na superfície dessas manchas, que recebem a denominação de “melanose estrelada”.
A podridão peduncular caracteriza-se por afetar frutos somente após sua maturação. O fungo penetra no fruto na região de inserção do pedúnculo, onde se dá a abscisão. Ele avança lentamente em direção a região central, raramente atingindo a extremidade estilar do fruto, provocando necroses nos tecidos colonizados. Os sintomas iniciais da doença só aparecem depois de 10 dias da infecção. Tecidos necrosados apresentam podridões de coloração marrom-claro, que depois secam, deixando uma nítida linha demarcatória entre a parte afetada e a região sadia do fruto. Os tecidos internos do fruto também podem ser infectados. Neste caso, as podridões adquirem coloração marrom-escura.
Controle: A poda e a retirada do pomar de ramos e galhos secos das plantas constitui-se na principal medida de controle à doença, pois o fungo sobrevive e frutifica nesses materiais. Pulverizações preventivas com fungicidas também devem ser feitas em pomares velhos e em pomares com histórico de manifestação severa da doença em anos anteriores. Nesse caso, é desejável que os fungicidas utilizados também apresentem ação no controle de verrugose, já que o controle das duas doenças deve ser feito em conjunto. Os produtos cúpricos são eficazes no controle de melanose e as aplicações pós-florada são muito importantes na proteção dos frutos. Contudo, elas não reduzem a produção de esporos do fungo nos ramos secos. Os benzimidazóis promovem uma certa redução na produção de inóculo em ramos secos, mas eles não funcionam bem na proteção de frutos e, portanto, não são recomendados no controle de melanose.
O controle de podridão peduncular somente é necessário quando os frutos não são comercializados rapidamente, pois os sintomas da doença aparecem somente depois de 10 dias da infecção. As práticas culturais que reduzem a ocorrência de ramos secos na planta em muito contribuem para o controle de podridão peduncular. Contudo, tratamentos pós-colheita muitas vezes são necessários. Eles funcionam melhor misturados em água do que em cera. Os frutos devem ser colhidos e processados com cuidado para evitar ferimentos. O armazenamento e o transporte a baixas temperaturas (abaixo de 10ºC) retardam a manifestação da doença.