Carvão
(Ustilago scitaminea) Culturas Afetadas: Cana-de-açúcar
O carvão da cana-de-açúcar pode causar perdas de até 100% em variedades muito susceptíveis. Atualmente, está presente em todas as áreas produtoras do país. A doença já foi descrito em 72 países. No Brasil, foi relatado no Estado de São Paulo em 1946 e hoje se estende por todo o país. Os danos provocados pela doença podem chegar a 100% quando se cultiva variedades muito suscetíveis.
Danos: Esta é talvez a doença de mais fácil identificação da cultura porque seu sintoma, o chicote, é conspícuo. O chicote é uma modificação do meristema apical do colmo, induzida pelo fungo, com tamanho variável, de alguns centímetros a mais de 1 metro de comprimento. O chicote é, inicialmente, coberto por uma película prateada que, ao romper-se, expõe uma massa de teliósporos pretos e pulverulentos, facilmente destacados pelo vento. Plantas doentes, antes de emitirem o chicote, têm o angulo de inserção das folhas mais agudas, limbo foliar estreito e curto, colmos mais finos que o normal e touceiras com superbrotamento. Ocasionalmente, algumas variedades podem produzir sintomas atípicos como galhas, proliferação de gemas e vassoura-de-bruxa.
O agente causal, o fungo Ustilago scitaminea, parasita de tecido meristemático e penetra nos tecidos não diferenciados, na base das escamas das gemas e das folhas novas. Os teliósporos são unicelulares e dicarióticos. Na germinação, a pró-basídia pode produzir basidiósporos ou hifas infectivas, dependendo da temperatura. As hifas infectivas são dicarióticas e penetram no hospedeiro em 8 horas.
Controle: As principais medidas de controle são a utilização de mudas sadias, a erradicação de plantas e colmos doentes e o uso de variedades resistentes.
O uso de mudas sadias visa reduzir ou eliminar as gemas infectadas pelo carvão e, com isso, diminuir o inóculo inicial da cana-planta. Esta prática retarda o início da doença, contribuindo para seu controle. Esta medida de controle é usada em variedades com resistência intermediária ao patógeno, em áreas com baixa concentração de inóculo e sempre associada ao “roguing” para eliminar as plantas doentes antes da liberação dos esporos. Esta prática de controle pode ser melhorada fazendo-se o tratamento térmico das mudas a 52ºC por 30 minutos ou 50ºC por 2 horas. O grande inconveniente desta técnica é a dificuldade de se manter os viveiros isolados dos plantios comerciais e livres das nuvens de esporos do carvão trazidas pelo vento. Após o tratamento térmico das mudas, pode-se estender a proteção das mudas curadas com aplicação de fungicidas sistêmicos como triadimefon, triadimenol e propiconazole.
O “roguing” dos viveiros de mudas é medida complementar indispensável para a produção de mudas sadias. A cada 7 a 15 dias, durante 6 a 8 meses, devem ser eliminadas dos viveiros todas as plantas atípicas visando manter a sanidade contra todas as doenças sistêmicas. No Brasil e em outros países, o “roguing” de colmos ou touceiras doentes em campos comerciais não controlou a doença e não aumentou a produção.
O uso de variedades resistentes é a medida de controle mais eficiente.