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UE indica que pode melhorar oferta agrícola ao Mercosul



Pela primeira vez, no processo do acordo entre a União Européia (UE) e Mercosul, negociadores europeus sinalizam com a possibilidade de melhorar a oferta agrícola aos quatro países sul-americanos, segundo negociadores. O aceno foi feito ontem, "de forma não formal", por diplomatas, enquanto o comissário europeu de Comércio, Pascal Lamy, terminava um curto encontro com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

Oficialmente, Lamy propôs a Furlan marcar a reunião ministerial entre os dois blocos para o dia 28 de agosto, em Bruxelas, sem falar em avanços em agricultura.

Extra-oficialmente, a proposta é sentar "a portas fechadas, com três comissários da UE, (Lamy, o das Relações Exteriores, Chris Patten, e o da Agricultura, Franz Fischler), de onde poderá sair concretamente um avanço da oferta agrícola européia" para facilitar a compra do produtos agrícolas do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Negociadores brasileiros, de imediato, reagiram negativamente aos sinais de Bruxelas. "Isto não é uma questão de confiança, é uma questão política."

Os governos terão de avaliar como fica a posição dos países do Mercosul dentro da negociação multilateral, afirma a fonte de Bruxelas, para não criar margem de dúvida aos parceiros do Grupo de Cairns (17 países exportadores agrícolas), que não estão em negociação com a UE, quanto a possíveis acertos entre os dois blocos em detrimento das ambições multilaterais.

A primeira percepção de fontes do Mercosul é que os europeus querem ter uma mínima indicação do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai de que que "do que vier de acesso a mercado na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Cancún será bem-vindo e com isso, os países do Mercosul não precisariam brigar por esse tema na OMC", relaxando a pressão.

Os governos terão de avaliar quais as vantagens que poderão obter ao sentarem para negociar antes da rodada de Cancún, avalia um diplomata.

Segundo ele, depois da conversa de ontem, fica claro que existe o interesse europeu de realizar a reunião com o Mercosul antes de Cancún.

Indagado sobre a razão dessa proposta antes da reunião da OMC, Lamy disse por causa do tamanho do Mercosul, as duas negociações podem caminhar de forma paralela, porque à medida que haja uma cristalização dos dois processos, começa a se estabelecer o quanto se determina em uma ou na outra.

Furlan confirmou a oferta da UE sobre o encontro, mas disse que "não está confirmada pela parte do Mercosul que fará uma análise" estratégica da data.

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