A Europa se tornará um mercado de acesso ainda mais espinhoso para os agricultores norte-americanos sob as normas de aprovação iminente, que exigirão novas advertências nos produtos e a produção de mais uma batelada de textos e impressos para as empresas de agronegócio americanas.
A legislação com aprovação prevista para hoje pelo Parlamento Europeu pode frustrar ainda mais os esforços dos agricultores esperançosos de abrir o rico mercado europeu e agravar um conflito comercial já acirrado entre os EUA e a União Européia (UE).
A ação do órgão legislativo do bloco de 15 países pretende substituir moratória de cinco anos contra o exame de novos gêneros de alimentos e ração animal processados por biotecnologia, por meio da liberação dos países-membros de modo a que possam autorizar a importação e o cultivo de outros produtos geneticamente modificados na Europa.
Mas as novas regras podem dificultar para os agricultores dos Estados Unidos a venda de alguns produtos transgênicos que já são autorizados na Europa. Artigos que contenham até mesmo pequenas quantidades de organismos geneticamente modificados terão de trazer uma advertência, o que restringe consideravelmente o sistema de rotulagem atualmente em operação.
A UE também exigirá que os alimentos importados exibam sua história genética com documento abrangente que remonta à fazenda, uma exigência que alguns exportadores de grãos e grupos rurais americanos dizem ser impossível atender. E acréscimos de última hora à legislação darão a países específicos poder de limitar grandemente o plantio de produtos transgênicos dentro de suas próprias fronteiras.
Os agricultores americanos temem que os consumidores europeus sejam desestimulados pelos rótulos de advertência adicionais. Muitos europeus já evitam alimentos que contêm ingredientes geneticamente modificados. Os agricultores também dizem que será difícil manter seus produtos transgênicos e não-transgênicos separados. Eles se preocupam também com a possibilidade de, ao assegurar aos países, individualmente, poderes de aprovar suas próprias leis, a UE criar o que será uma composição confusa de normas de transgênicos que poderão permitir que alguns países proíbam boa parte de sua produção.
Rotulagem rigorosa
O novo chefe da maior organização empresarial da Europa aderiu aos Estados Unidos nos ataques violentos aos planos da UE para normatizar a indústria química e instituir uma rotulagem rigorosa dos transgênicos.
"Do ponto de vista econômico a Europa não está tendo um bom desempenho" e "as mudanças são lentas", afirmou Jürgen Strube no ato de sua posse como chefe da Unice, que representa 16 milhões de companhias que empregam 106 milhões de pessoas em toda a UE.
Strube foi principal executivo e continua a ser o chairman do conselho supervisor da Basf. Ele assumiu o cargo no lugar do principal executivo da UCB, George Jacobs.